Caravan - For Girls Who Grow Plump In The Night (1973)

 

Embora seja bem diferente do aclamado In The Land Of Grey And Pink, For Girls Who Grow Plump In The Night mantém o alto padrão de excelência da banda. Pye Hastings, com seu trabalho de guitarra, infunde a obra com influências mais "pesadas", resultando em um som que se destaca por sua densidade e riqueza. O disco é uma aventura musical repleta de uma vasta gama de instrumentos, incluindo clarinete, saxofone tenor, barítono e alto, flautim, flauta, trompete, trombone, congas, viola, sintetizadores, além dos tradicionais baixo, bateria, guitarra e teclado. Cada faixa é uma viagem distinta, com sonoridades que vão do pastoral ao vigoroso, facilitando a absorção do ouvinte. Em alguns momentos, até se pode captar nuances de southern rock, revelando a versatilidade do Caravan.

O álbum abre com "Memory Lain, Hugh / Headloss", uma faixa dinâmica que revela uma rica paleta sonora. Com uma batida envolvente e um trabalho de guitarra acrobático, o baixo não apenas acompanha, mas se destaca com linhas marcantes. As incursões de flauta adicionam uma atmosfera bucólica, enquanto os metais oferecem toques de jazz, criando uma combinação que é ao mesmo tempo doce e enérgico. Na segunda parte da faixa, percebe-se uma clara influência do southern rock, lembrando a cadência de "Doraville" da Atlanta Rhythm Section.

"Hoedown" continua na linha da faixa anterior, mas com uma cadência mais acelerada. Embora não seja uma faixa que brilha, seu solo de viola é o ponto alto. Apesar de não ser essencial para o álbum, ela adiciona um toque de southern rock que complementa a diversidade do disco. "Surprise, Surprise" evoca os primeiros trabalhos da banda, sendo uma balada de melodia encantadora. Começa de forma delicada, com violão e voz, mas logo evolui com uma linha criativa de baixo criativa que se destaca quando a banda entra completa. O refrão apresenta harmonias vocais cativantes e a bateria traz uma energia contagiante. As letras, otimistas e nostálgicas, são engrandecidas por mais um belo solo de viola.

"C'thlu Thlu" rompe completamente com o clima das faixas anteriores, trazendo uma mudança drástica de humor. A atmosfera sombria é evidente desde os riffs de guitarra que são em sua maioria marcados por um ritmo de marcha. Contudo, o refrão alivia essa tensão com um tom mais leve e animado. As letras são inquietantes, descrevendo uma fuga de algo malévolo. O solo de órgão de David Sinclair adiciona uma camada sombria à música, que se desvia brevemente para uma sonoridade mais alegre liderada por saxofone, antes de retornar ao tom melancólico que encerra a faixa. "The Dog, The Dog, He's At It Again" possui um tom sincero e otimista, característico do estilo do grupo. Entretanto, por trás dessa serenidade, a letra revela um conteúdo ousado, sendo uma ode ao sexo oral. A faixa apresenta riffs marcantes de viola e um incrível solo de sintetizador, enriquecido por palmas criativas ao fundo. O arranjo vocal, surpreendentemente complexo, é comparável ao trabalho do Gentle Giant, um elogio que não pode ser subestimado.

"Be All Right / Chance Of A Lifetime" inicia com um riff envolvente e introduz um momento mais pesado no álbum. Com uma peça performática de violino e um solo de guitarra impressionante logo no primeiro minuto, a faixa evolui para uma linha mais suave, onde apenas bongos e viola acompanham a voz de Pye Hastings. As harmonias vocais, mais uma vez, se destacam e as guitarras elétricas retornam para outro solo de viola, que cresce até a música se acalmar novamente nos vocais de Pye. Geoffrey Richardson, apesar de ter tocado em apenas um álbum da banda, deixa sua marca com solos de viola que são memoráveis. 

"L'auberge du Sanglier / A Hunting We Shall Go / Pengola / Backwards / A Hunting We... (repri se)" encerra o disco com maestria, sendo um épico grandioso e magistral. Com uma rica sonoridade orquestral de apoio e o uso expressivo de violão e viola, a faixa transmite um humor melancólico. O baixo parece ser acústico, embora não haja certeza sobre isso. A música começa de forma suave, antes de explodir em uma seção principal, com órgão e viola distorcida assumindo o protagonismo, enquanto a guitarra elétrica faz intervenções pontuais. Um solo de guitarra brilhante é seguido por um solo de viola igualmente impressionante, culminando em um acorde onírico. O piano então assume a liderança, dando um tom mais triste, enquanto as cordas e metais da orquestra crescem em intensidade, levando a faixa a uma sonoridade rica e complexa. O álbum termina com uma explosão sonora que deixa o ouvinte com a sensação de ter experimentado algo verdadeiramente grandioso.

Em suma, For Girls Who Grow Plump In The Night é uma obra de destaque, cuja excelência musical é inegável. Cada faixa demonstra uma habilidade técnica e criatividade que cativam o ouvinte, enquanto a fluidez com que o álbum se desenvolve proporciona uma experiência auditiva cativante e agradável.

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Although it is quite different from the acclaimed In The Land Of Grey And Pink, For Girls Who Grow Plump In The Night maintains the high standard of excellence that defines the band. Pye Hastings, with his guitar work, infuses the album with heavier influences, resulting in a sound that stands out for its density and richness. The album is a musical adventure filled with a wide array of instruments, including clarinet, tenor, baritone, and alto saxophones, piccolo, flute, trumpet, trombone, congas, viola, synthesizers, in addition to the traditional bass, drums, guitar, and keyboards. Each track is a distinct journey, with sounds ranging from pastoral to vigorous, making it easy for the listener to get absorbed. At times, one can even detect nuances of southern rock, revealing the versatility of Caravan.

The album opens with "Memory Lain, Hugh / Headloss," a dynamic track that showcases a rich sonic palette. With an engaging beat and acrobatic guitar work, the bass doesn't just follow but stands out with striking lines. The flute excursions add a bucolic atmosphere, while the brass injects jazzy touches, creating a combination that is both sweet and energetic. In the second part of the track, a clear southern rock influence is evident, reminiscent of the cadence of "Doraville" by the Atlanta Rhythm Section.

"Hoedown" continues in the vein of the previous track but with a more upbeat tempo. Although it doesn't shine as brightly, its viola solo is the highlight. While not essential to the album, it adds a touch of southern rock that complements the diversity of the record. "Surprise, Surprise" evokes the band's earlier works, being a ballad with a charming melody. It begins delicately with acoustic guitar and vocals but soon evolves with a creative bass line that stands out when the full band kicks in. The chorus features captivating vocal harmonies, and the drums bring an infectious energy. The lyrics, optimistic and nostalgic, are elevated by another beautiful viola solo.

"C'thlu Thlu" completely breaks the mood of the previous tracks, bringing a drastic change in tone. The dark atmosphere is evident from the guitar riffs, which are mostly marked by a marching rhythm. However, the chorus alleviates this tension with a lighter and more upbeat tone. The lyrics are unsettling, describing an escape from something malevolent. David Sinclair's organ solo adds a dark layer to the music, which briefly shifts to a more joyful sound led by saxophone before returning to the melancholic tone that closes the track. "The Dog, The Dog, He's At It Again" has a sincere and optimistic tone, characteristic of the group's style. However, behind this serenity, the lyrics reveal a bold content, being an ode to oral sex. The track features striking viola riffs and an incredible synthesizer solo, enriched by creative handclaps in the background. The vocal arrangement, surprisingly complex, is comparable to the work of Gentle Giant, a compliment that cannot be underestimated.

"Be All Right / Chance Of A Lifetime" starts with an engaging riff and introduces a heavier moment in the album. With a performative violin piece and an impressive guitar solo within the first minute, the track evolves into a smoother line, where only bongos and viola accompany Pye Hastings' voice. The vocal harmonies once again stand out, and the electric guitars return for another viola solo, which builds until the music calms down again with Pye's vocals. Geoffrey Richardson, despite playing on only one of the band's albums, leaves his mark with memorable viola solos.

"L'auberge du Sanglier / A Hunting We Shall Go / Pengola / Backwards / A Hunting We... (repri se)closes the album masterfully, being a grand and majestic epic. With a rich orchestral sound and the expressive use of guitar and viola, the track conveys a melancholic mood. The bass seems to be acoustic, though this is uncertain. The music starts gently before exploding into the main section, with organ and distorted viola taking the lead while the electric guitar makes occasional interventions. A brilliant guitar solo is followed by an equally impressive viola solo, culminating in a dreamlike chord. The piano then takes the lead, giving a sadder tone, while the strings and brass of the orchestra grow in intensity, leading the track to a rich and complex sound. The album ends with a sonic explosion that leaves the listener with the feeling of having experienced something truly grand.

In summary, For Girls Who Grow Plump In The Night is a standout work whose musical excellence is undeniable. Each track demonstrates technical skill and creativity that captivates the listener, while the album's smooth progression provides an engaging and pleasant listening experience.

NOTA: 9.5/10

1a. Memory Lain, Hugh (5:00)
1b. Headloss (4:14)
2. Hoedown (3:18)
3. Surprise, Surprise (4:05)
4. C'thlu Thlu (6:12)
5. The Dog, the Dog, He's at It Again (5:38)
6. Be Alright / Chance of a Lifetime (6:35)
7. L'auberge du Sanglier / A Hunting We Shall Go / Pengola / Backwards / A Hunting We... (reprise) (10:05)

Ouça, "Memory Lain, Hugh / Headloss"



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