Perfect - Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar (2024)

 

Originária de Akron, no nordeste de Ohio, a banda Perfect se destaca por sua capacidade de transcender os limites do rock progressivo, criando uma sonoridade que desafia qualquer expectativa criada sobre ela. Desde seu início em 2017, sob o nome de Perfect Girl, o grupo mostrou um talento inato para a experimentações. Com Tony Batey nos vocais, baixo e saxofone, Sam Holik na guitarra e Jake Ross na bateria, a formação original já trazia um frescor ao cenário musical. No entanto, mudanças significativas na banda impulsionaram sua evolução, culminando na decisão de abandonar o “Girl” do nome original em busca de uma identidade mais madura e ousada.

A transformação mais marcante ocorreu em 2019, quando Sam Colgrove assumiu o baixo, substituindo Batey. Com essa mudança, a banda abraçou uma abordagem ainda mais experimental e complexa, incorporando influências do math rock, avant-prog e jazz fusion. Esse novo direcionamento os levou a explorar territórios sonoros inexplorados, desafiando tudo aquilo que soasse convencional dentro do gênero e estabelecendo um novo DNA sonoro que muitas vezes transcende rótulos e categorizações.

Após um período de intensa dedicação criativa, a banda finalmente lançou seu aguardado álbum de estreia em agosto de 2022. Este trabalho não apenas marcou o ponto culminante de anos de esforço e experimentação, mas também representou um novo capítulo na jornada musical do grupo. A adição de Ian Palmerton nos vocais, Michael Weber nos teclados e Eric Perez no saxofone foi crucial para esse novo som, conferindo à banda uma riqueza sonora que antes era apenas insinuada. Essas novas camadas de complexidade e nuance tornaram a música da Perfect mais vibrante, profunda e cativante, conquistando o público - embora ainda pequeno -  e assustando outros por meio de sua ousadia e criatividade muitas vezes não muito compreendida.

Em muitos aspectos, bandas como a Perfect servem como lembretes poderosos de que a música, em sua essência, é um campo ilimitado de possibilidades criativas, onde a coragem de explorar o desconhecido e a paixão por compartilhar essa exploração com o mundo são as chaves para a verdadeira inovação, ainda que essa ousadia nem sempre seja recompensada comercialmente.

O lançamento de Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar em 2024 reafirmou essa identidade destemida e criativa. Desde os primeiros minutos de audição, fica claro que a banda não está interessada em simplificar seu som para conquistar um público maior do que o alcançado com seu álbum de estreia. Pelo contrário, o título excêntrico do disco já sugere um mergulho profundo em um universo sonoro singular. Com uma abordagem ainda mais original e distintiva, Perfect abraça com mais força sua identidade e conduz o ouvinte por uma viagem sônica repleta de reviravoltas e surpresas.

Com seis faixas distribuídas ao longo de 44 minutos - não irei fazer o faixa a faixa, apenas escute do começo ao fim -, o álbum se apresenta como uma experiência musical intensa e complexa. Caracterizado por uma abordagem avant-garde que desafia as convenções da música tradicional. O disco convida o ouvinte a uma imersão profunda em uma “avalanche musical”, onde a intensidade e a imprevisibilidade são os elementos centrais.

A natureza desafiadora e até um pouco assustadora do álbum sugere que ele não é facilmente acessível para uma escuta casual. Longe de ser um pano de fundo para atividades cotidianas, Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar exige atenção plena e disposição para se deixar levar por uma experiência auditiva que transcende as expectativas convencionais de estrutura e harmonia. O álbum é claramente voltado para aqueles momentos em que o ouvinte deseja explorar as fronteiras do que é comumente aceito como música, desafiando-se a encontrar beleza e significado em composições que intencionalmente evitam a simplicidade.

As composições são marcadas por uma complexidade rítmica e harmônica impressionante, com frequente uso de dissonâncias, acidentes, mudanças abruptas de tempo e dinâmica, além de momentos que beiram o cacofônico. Esses elementos contribuem para uma sensação de intensidade e saturação sonora que pode ser percebida como extenuante, não por ser monótona, mas pela demanda constante de atenção e pela dificuldade em antecipar o que virá a seguir.

Para muitos, essa complexidade pode parecer um obstáculo, mas para aqueles dispostos a enfrentar o desafio, o álbum oferece ótimas recompensas. Esses ouvintes podem descobrir novas camadas de apreciação musical, reconhecendo a habilidade e a intenção por trás de composições que que parecem querer anarquizar normas e exploram o potencial expressivo do som. Para esses aventureiros, o disco não é apenas uma coleção de faixas, mas um convite a reflexões mais profundas sobre a natureza da música e sua capacidade de evocar emoções, imagens e ideias.

Por fim, Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar não é apenas uma continuação da trajetória musical da banda, mas um salto audacioso em direção ao desconhecido. Demonstra não apenas a habilidade técnica de cada integrante, mas também a imaginação ilimitada de alguns amigos que juntos estão dispostos a produzir música para pessoas que assim como eles, estão dispostas a explorar o extraordinário e inesperado.  

========
========
========
========

Hailing from Akron, in northeastern Ohio, the band Perfect stands out for its ability to transcend the boundaries of progressive rock, creating a sound that defies any expectations set upon it. Since its inception in 2017 under the name Perfect Girl, the group has displayed an innate talent for experimentation. With Tony Batey on vocals, bass, and saxophone, Sam Holik on guitar, and Jake Ross on drums, the original lineup already brought a fresh perspective to the music scene. However, significant changes within the band propelled its evolution, culminating in the decision to drop the “Girl” from the original name in search of a more mature and bold identity.

The most striking transformation occurred in 2019 when Sam Colgrove took over bass duties, replacing Batey. With this change, the band embraced an even more experimental and complex approach, incorporating influences from math rock, avant-prog, and jazz fusion. This new direction led them to explore uncharted sonic territories, challenging everything that sounded conventional within the genre and establishing a new sonic DNA that often transcends labels and categorizations.

After a period of intense creative dedication, the band finally released its long-awaited debut album in August 2022. This work not only marked the culmination of years of effort and experimentation but also represented a new chapter in the group's musical journey. The addition of Ian Palmerton on vocals, Michael Weber on keyboards, and Eric Perez on saxophone was crucial to this new sound, giving the band a sonic richness that was previously only hinted at. These new layers of complexity and nuance made Perfect's music more vibrant, deep, and captivating, winning over audiences—although still small—and intimidating others with their boldness and creativity, which is often not fully understood.

In many ways, bands like Perfect serve as powerful reminders that music, at its core, is an unlimited field of creative possibilities, where the courage to explore the unknown and the passion for sharing that exploration with the world are the keys to true innovation, even if this boldness is not always commercially rewarded.

The release of Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar in 2024 reaffirmed this fearless and creative identity. From the first minutes of listening, it is clear that the band is not interested in simplifying their sound to attract a larger audience than they reached with their debut album. On the contrary, the album's eccentric title already suggests a deep dive into a unique sonic universe. With an even more original and distinctive approach, Perfect embraces their identity more strongly, guiding the listener on a sonic journey full of twists and surprises.

With six tracks spread over 44 minutes—I'm not going to do a track-by-track review, just listen from start to finish—the album presents itself as an intense and complex musical experience. Characterized by an avant-garde approach that defies the conventions of traditional music, the record invites the listener to a deep immersion in a "musical avalanche," where intensity and unpredictability are the central elements.

The challenging and even somewhat intimidating nature of the album suggests that it is not easily accessible for casual listening. Far from being background music for everyday activities, Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar demands full attention and a willingness to be swept away by a listening experience that transcends conventional expectations of structure and harmony. The album is clearly intended for those moments when the listener wants to explore the boundaries of what is commonly accepted as music, challenging themselves to find beauty and meaning in compositions that intentionally avoid simplicity.

The compositions are marked by impressive rhythmic and harmonic complexity, with frequent use of dissonance, accidents, abrupt changes in tempo and dynamics, and moments that verge on the cacophonous. These elements contribute to a sense of intensity and sonic saturation that may be perceived as exhausting, not because it is monotonous, but due to the constant demand for attention and the difficulty in anticipating what will come next.

For many, this complexity may seem like an obstacle, but for those willing to take on the challenge, the album offers great rewards. These listeners may discover new layers of musical appreciation, recognizing the skill and intention behind compositions that seem to want to anarchize norms and explore the expressive potential of sound. For these adventurers, the album is not just a collection of tracks but an invitation to deeper reflections on the nature of music and its ability to evoke emotions, images, and ideas.

In the end, Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar is not just a continuation of the band's musical journey but a bold leap into the unknown. It demonstrates not only the technical skill of each member but also the boundless imagination of a group of friends who, together, are willing to produce music for people who, like them, are ready to explore the extraordinary and the unexpected.

NOTA: 8.5/10

1. Christ Excavations (16:36)
2. Acoustic Encryption (5:50)
3. Ungly Cane Day (3:58)
4. Tick Sugar (5:15)
5. A Wreath of Virtuous Infinite (The) (10:01)
6. Miserable Circuit (2:36)

Ouça, "Ungly Cane Day e  A Wreath of Virtuous Infinite (The)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pink Floyd - Atom Heart Mother (1970)

  Atom Heart Mother marca um ponto de transição fundamental no som do Pink Floyd , emergindo do seu período mais experimental e psicodélico...

Postagens mais visitadas na última semana