Lembro claramente da primeira vez que ouvi o álbum de estreia da Wobbler. Foi uma experiência excelente, e com isso, naturalmente, minha expectativa para o segundo lançamento foi alta. Entretanto, a espera de quatro anos na época para o lançamento de um novo álbum parecia promissora, até eu descobrir que ele durava apenas 35 minutos. Embora quatro anos seja um período de tempo razoável para o lançamento de um disco para outro nos dias de hoje, a curta duração desse trabalho deixou-me questionando: o que exatamente a banda fez durante todo esse tempo?
Quanto à qualidade, não há como negar que o álbum tem seus momentos. No entanto, optar por incluir uma mistura de demos com material de dez anos atrás não parece a melhor escolha para preencher a discografia. Parece mais uma tentativa de preencher espaço do que uma verdadeira contribuição artística. Musicalmente, o álbum consegue criar uma boa atmosfera, mas, infelizmente, não apresenta progresso significativo. Na verdade, os passos que vejo neste disco parecem ser para trás - lembrando que eles ainda não eram a força dentro do rock progressivo contemporâneo que são hoje. Mas isso é compreensível, já que nenhum material é verdadeiramente novo.
A faixa de abertura, "The Haywain", é uma peça curta de apenas cinquenta segundos, composta por cravo e flauta. É uma introdução interessante, mas que não estabelece um grande impacto. "Imperial Winter White" é uma das duas longas canções do disco. Ela começa com uma abertura pesada e sombria, com influências claras, por exemplo, em “Machine Messiah” do Yes. O heavy rock sinfônico predomina ao longo da música. Em determinado momento, uma seção suave de violão surge inesperadamente, mas logo é suprimida pelo retorno da guitarra elétrica, Mellotron, sintetizador, baixo, bateria e órgão. O vocal só aparece após os sete minutos, e é dramático ao extremo. Confesso que vozes excessivamente dramáticas raramente me agradam. Contudo, devo destacar as linhas de baixo e o órgão, que embora subutilizados na primeira metade da faixa, ganham força com um solo interessante. A música, no entanto, poderia se beneficiar de uma estrutura mais pensada, talvez dividida em peças mais curtas e coesas. Do jeito que está, tem seus momentos essenciais, mas também possui muita “gordura”.
A faixa “Interlude” é autoexplicativa. Trata-se de uma breve diversão musical de menos de três minutos, conduzida por violão e baixo acústico. Em “In Taberna”, a banda retorna ao rock sinfônico frenético, carregado de múltiplos instrumentos de teclas. Como alguém que está imerso no rock progressivo há mais de duas décadas, sempre tento compreendê-lo e defini-lo da melhor maneira possível. Neste caso, eu diria que a banda caiu na armadilha de “tentar ser prog”. Pode parecer contraditório, mas existe uma diferença entre progressão genuína e a tentativa de parecer progressivo. "In Taberna" apresenta uma progressão constante, mas carece de temas centrais, âncoras ou um clímax digno de nota. É uma música que, embora contenha algumas boas ideias, soa mais como trilha sonora de fundo para aficionados do rock progressivo do que uma peça impactante por si só. São treze minutos de ideias desconectadas, que raramente se entrelaçam de forma coesa. "Armoury" é outra faixa curta do álbum. Com apenas três minutos, ela começa com uma melodia medieval que domina mais da metade da canção, sendo finalizada por um órgão com clima de igreja e sintetizador.
Em resumo, Afterglow é um disco passável. A musicalidade é sólida e a produção é excelente. No entanto, as composições realmente sofrem. O álbum dá a sensação de ser uma colagem de ideias, sem coesão ou algo verdadeiramente consistente. É um bom disco, mas que tinha potencial para ser muito mais. Algo que a banda iria mostrar com lançamentos futuros.
NOTA: 6/10
Tracks
Listing:
1.
The Haywain (0:55)
2. Imperial Winter White (15:02)
3. Interlude (2:32)
4. In Taberna (13:10)
5. Armoury (3:00)
Ouça, "In Taberna"
Progvoyager, obrigado por sua visita ao Atituderocknroll, já adicionei o Progvoyager a linha lista de parceiros. Estou muito orgulhoso de poder participar de sua lista, pois é um blog de muita qualidade. Parabens.
ResponderExcluirOpa, muito obrigado pelas palavras e por colocar o PV nos parceiros do Atitude. Abraço.
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