Emerson Lake And Palmer - Tarkus (1971)

O conceito de supergrupo faz parte da cultura do rock há mais de 50 anos. Quando pensamos no primeiro supergrupo da história do rock progressivo, o nome Emerson, Lake & Palmer surge quase inevitavelmente. É verdade que pode haver algum debate sobre qual foi o primeiro supergrupo desse gênero, mas nenhum outro antes deles conseguiu reunir três virtuosos tão excepcionais em seus respectivos instrumentos.

Formada por Keith Emerson (ex-The Nice), Greg Lake (ex-King Crimson) e Carl Palmer (ex-Atomic Rooster), a banda parecia destinada ao sucesso desde o início. Nos primeiros anos da década de 1970, eles lançaram quatro álbuns incríveis, assegurando seu lugar entre as maiores bandas da história do rock progressivo. O que veio depois pode dividir opiniões, mas esses primeiros lançamentos permanecem como testemunhos do auge criativo da banda.

Tarkus é um álbum emblemático, e sua faixa-título é uma das composições mais impressionantes já criadas por qualquer banda. A faixa de abertura, "Tarkus", é uma suíte monumental com mais de vinte minutos, dividida em sete partes: "Eruption", "Stones of Years", "Iconoclast", "Mass", "Manticore", "Battlefield" e "Aquatarkus". Cada parte é interligada de forma coesa, com três segmentos vocais entrelaçados com passagens instrumentais de tirar o fôlego.

A cada audição, sinto a necessidade de repetir essa faixa antes de prosseguir com o álbum. A música é simplesmente hipnotizante. Desde o primeiro acorde de "Eruption", fico impressionado com o fato de serem apenas três músicos criando uma sonoridade tão rica e complexa. Keith Emerson brilha com seu domínio sobre o órgão Hammond, Moog e sintetizadores, entregando uma performance dinâmica e inventiva. Greg Lake, por sua vez, apresenta linhas de baixo igualmente impressionantes e uma voz poderosa, carregada de emoção. Carl Palmer, sempre preciso e enérgico, eleva a percussão a um novo patamar, com uma performance ainda mais segura do que no álbum de estreia da banda.

"Tarkus" não é apenas uma demonstração de habilidade técnica; é uma obra de arte verdadeiramente moderna e sofisticada, que transcende os limites do que chamamos de rock. É uma peça de vanguarda, um desafio aos próprios limites dos músicos. Não é surpresa que essa suíte tenha sido alvo de estudos acadêmicos, com mestres da música tentando desvendar o que esses jovens — Emerson com 27 anos, Lake com 24, e Palmer com 21 — estavam comunicando através dessa obra de tamanha grandeza.

A segunda faixa, "Jeremy Bender", é uma música curta e elegante, centrada em uma seção rítmica dominada pelo piano, com uma combinação encantadora de vocal e percussão. Embora fuja um pouco do estilo típico da banda, é uma faixa que aprecio. Em "Bitches Crystal", a abertura remete ao tema de "Tarkus", mas logo se revela distinta. O piano, novamente, é destaque, mostrando a inventividade característica da banda. Lake canta com um estilo único, atingindo notas altas com maestria. O solo de piano é simplesmente incrível, acompanhado por linhas de sólidas de baixo e uma bateria enérgica, que impulsiona a música com muito vigor.

"The Only Way" é uma faixa suave, mas com uma melodia marcante. Ela começa com uma introdução solo de órgão, no estilo clássico, antes de o vocal de Lake entrar, trazendo um tom ainda mais melódico e melancólico. O solo de piano no meio da faixa se transforma em uma seção de jazz, mostrando a versatilidade da banda. 

"Infinite Space (Conclusion)" é uma faixa que, embora curta, expande as possibilidades do piano e do órgão de maneira impressionante. A linha de baixo e a bateria criam uma base sólida e inventiva, complementando perfeitamente os elementos melódicos. "A Time and a Place" é outra faixa que se destaca pelo uso poderoso do órgão, combinando com uma bateria marcante e vocais emocionantes. Uma dica para quem ouvir o álbum: essa faixa e as duas anteriores devem ser ouvidas em sequência, formando uma espécie de pequeno épico que se revela ainda mais impactante quando escutadas juntas.

O álbum encerra com "Are You Ready Eddy?", uma homenagem ao lendário engenheiro de som Eddy Offord. Diferentemente das outras faixas, essa música traz um estilo mais rock 'n' roll, funcionando quase como uma folha solta em comparação ao resto do álbum. No entanto, isso não diminui em nada o brilho do disco.

No fim, o que mais há a dizer sobre Tarkus? Um verdadeiro clássico e um marco no rock progressivo. Sua faixa-título, em particular, não é apenas uma exibição de técnica, mas uma das composições mais complexas e enigmáticas já criadas no gênero. 

NOTA: 9.5/10

1. Tarkus (20:43) :
2. Jeremy Bender (1:51)
3. Bitches Crystal (3:58)
4. The Only Way (Hymn) (3:49)
5. Infinite Space (3:20)
6. A Time and a Place (3:02)
7. Are You Ready Eddy? (2:10)

Ouça, "Tarkus"





 

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