Moon Safari - Blomljud (2008)

 

Blomljud, disco duplo e segundo trabalho dos suecos da Moon Safari, é uma obra que cativa pela sua beleza sonora. O álbum é uma junção de elementos que unidos tem como resultado final uma obra de extrema delicadeza e sofisticação. As harmonias vocais são um dos pontos altos, graças ao fato de todos os membros da banda possuírem vozes muito agradáveis e bem treinadas. Essas vozes se unem para construir paredes vocais impressionantes. A instrumentação é igualmente notável, com melodias acessíveis, ricas em detalhes, mas sem serem excessivamente intrincadas. A percussão suave, o Mellotron de bom gosto, as guitarras de 12 cordas e as elétricas com timbres aprazíveis, além dos sintetizadores bem escolhidos, compõem uma música tranquila, inocente e extremamente bem elaborada.


DISCO 1: 

O primeiro disco começa com "Constant Bloom", uma curta canção a capela que apresenta vocais extremamente afinados e sincronizados, criando uma atmosfera quase onírica. Funciona como uma preparação para a faixa seguinte, o épico "Methuselah's Children". Esta música, brilhantemente estruturada, alterna entre mudanças radicais de andamento, mantendo-se sempre coesa e bem orientada. Embora lembre "Children Of The Sun" da banda inglesa Magenta, ela também mantém uma identidade própria, equilibrando perfeitamente todos os instrumentos.

"In the Countryside" continua a jornada com coros bem trabalhados. Embora não seja tão impactante quanto a faixa anterior, carrega uma beleza própria e mantém o desempenho impecável dos músicos. Suas passagens suaves evocam o Genesis, trazendo uma nostalgia progressiva. "Moonwalk" é um exemplo de como o rock progressivo pode ser uma fusão de estilos e sons. A faixa começa com uma agressividade que flerta com o hard rock, mas logo se transforma em uma exibição suave de melodias belas e teclados exuberantes combinados com piano. Lembra o Pendragon em sua melhor fase, mas soando ainda mais polida.

Segue-se a lindíssima "Bluebells", onde os vocais principais, já impressionantes, são ainda mais realçados pelos backing vocals. A interação entre os instrumentos em segundo plano é fantástica, resultando em uma canção de elegância rara. Nada soa sobreposto; tudo está no equilíbrio perfeito. O primeiro disco se encerra com "The Ghost of Flowers Past", que revela uma nova faceta da banda e demonstra sua versatilidade. Os teclados, especialmente o melancólico Mellotron, são impressionantes, proporcionando uma conclusão digna para o primeiro ato do álbum.


DISCO 2: 

"Yasgur's Farm" introduz um frenesi não visto até então no álbum, com uma interação perfeita entre guitarra, bateria e órgão. O solo de sintetizador eleva a música ainda mais. No entanto, há um ponto fraco: os vocais soam desnecessariamente agudos em alguns momentos, embora a musicalidade seja tão envolvente que esse detalhe não comprometa o resultado final a ponto da faixa se tornar algo desinteressante. "Lady of the Woodlands" surpreende com uma instrumentação de cadência folclórica medieval, influenciada por trabalhos do Yes como "Machine Messiah", mas com uma sonoridade mais étnica. A faixa também apresenta uma mudança agradável, destacando a versatilidade e singularidade da banda.

A faixa mais longa do álbum, "Other Half of the Sky", é um épico de mais de 31 minutos. Como pode ser comum em composições dessa duração, o início pode não ser tão empolgante, chegando a soar tedioso. Contudo, a música se transforma radicalmente após os primeiros cinco minutos, tornando-se vibrante e absolutamente imprevisível. Passagens frenéticas se unem a seções mais serenas, com solos de guitarra e teclado, sustentados por uma seção rítmica sólida e sensacional. A faixa encapsula tudo o que um entusiasta do rock progressivo espera: músicos dando o melhor de si em uma obra única, inovadora e belíssima. .

O álbum se encerra com "To Sail Beyond The Sunset". Embora seja uma bela canção, com ótimos vocais e piano, ela esfria o clima criado pela faixa anterior. Talvez funcionasse melhor em uma posição anterior no álbum, mas ainda assim, é uma conclusão digna para o disco.

Um disco que já nasceu com status de excelência, solidificando-se como uma obra recomendada para aqueles que buscam explorar o lado mais melódico do rock progressivo, sem a necessidade de se perder em complexidades extremas. Blomljud é uma celebração de uma musicalidade harmoniosa, onde cada faixa se encontra envolta em uma aura de serenidade e beleza que cativa desde a primeira audição.

NOTA: 9/10

Tracks Listing:

DISCO 1:

1. Constant Bloom (1:27)
2. Methuselah's Children (15:43)
3. In the Countryside (5:43)
4. Moonwalk (8:49)
5. Bluebells (10:11)
6. The Ghost of Flowers Past (9:47)

DISCO 2:

 7. Yasgur's Farm (8:06)
8. Lady of the Woodlands (3:37)
9. A Tale of Three and Tree (3:29)
10. Other Half of the Sky (31:44) :
11. To Sail Beyond the Sunset (5:18)

Ouça, "Other Half of the Sky"



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