The Circle Project é um projeto espanhol idealizado por Ángel
G. Lajarí – que não canta e nem toca nenhum dos instrumentos, mas se posiciona na produção,
na criação de arte e design gráfico, além de ser o gerente do projeto. O som da banda se destaca pela sua abordagem
criativa que combina muito bem literatura e uma ampla gama de gêneros musicais,
com um enfoque especial no art rock. A proposta da banda é
oferecer uma experiência musical que vai além da simples apreciação sonora.
Suas composições não são apenas sofisticadas e elaboradas, mas também carregam
narrativas literárias profundas e envolventes que capturam a imaginação e o
coração de quem se deixa embarcar no mundo criado pelo grupo. Ao integrar
elementos de storytelling com arranjos musicais sinfônicos, a banda proporciona
uma imersão completa no universo das suas criações.
Considero a gênese do The Circle Project bastante curiosa. O
conceito da banda surgiu a partir de uma série de discussões entre os membros
do grupo espanhol no Facebook denominado Prog Circle. Este grupo, dedicado ao
rock progressivo e seus diversos subgêneros, funcionou como um ponto de
encontro virtual para entusiastas da música progressiva. E foi nesse espaço que
a paixão pela música encontrou um terreno fértil, permitindo que ideias
criativas fossem compartilhadas e exploradas. As conversas e interações dentro
do grupo não apenas fomentaram a troca de influências e experiências, mas
também ajudaram a moldar a visão e a identidade do projeto que estavam prestes
a iniciar.
Bestiario II é o segundo álbum do grupo, e como o próprio
nome sugere, dá continuidade à temática explorada em seu antecessor. O conceito
permanece centrado em uma fascinante coleção de descrições de criaturas, sejam
elas reais ou mitológicas. Cada música funciona como uma entrada em um
bestiário sonoro, onde melodias e arranjos muito bem compostos evocam a
natureza, o mistério e a magia que envolvem esse assunto. Assim, Bestiario II não
apenas complementa o trabalho anterior, mas também expande o universo sonoro e
imaginativo do grupo.
Ainda que cada música tenha os seus méritos e valem apena, vou comentar sobre as músicas que mais gostei. Antes, por
meio de um Manual De Criptozoología, uma voz nos dá as boas-vindas a essa nova
viagem por esse universo fascinante e proporcionada pelo grupo: Um novo
livro esperado chegou em nossas mãos. Voltaremos a viajar no tempo e no espaço com
animais impossíveis, coloridos e arcanos, de terras distantes e oceanos passados.
Para ouvir suas canções, abramos novamente o bestiário. Após essa narração
introdutória, o disco começa por meio de “Mantícora”, uma criatura mitológica
de origem persa, posteriormente incorporado à mitologia grega e que tem uma
cabeça de homem, corpo de leão e cauda de dragão ou escorpião. O violão inicia
com um deslizar solitário, mas logo outros instrumentos entram em cena, cada um
trazendo sua própria cor e textura, enriquecendo a composição e criando uma
harmonia que evolui gradualmente. Interessante uma música tão delicada para
simbolizar uma criatura tão feroz. A ideia pode ser a de explorar uma narrativa
sobre a coexistência de força e delicadeza, ou mesmo sobre a natureza enganosa
das aparências.
É uma espécie de lula gigante que vive nas profundezas
abissais. O tamanho excessivo de seus tentáculos cria grandes redemoinhos –
semelhantes aos de Caríbdis no Estreito de Messina – e é capaz de afundar
barcos. Já mencionado em bestiários medievais e por Jules Verne, hoje
representa mais um mistério do oceano, talvez menos conhecido do que o nosso
sistema solar. Com essas palavras, "Architeutis Dux -Kraken" nos é apresentada.
A produção sonora é muito bem projetada para refletir a vastidão e a escuridão
das águas profundas. Os arranjos experimentais são ricos em texturas e camadas,
criando um senso palpável de profundidade e complexidade que é emblemático das
lendas que cercam essa criatura.
“Pardus Alatus Nero”, um felino voador implacável e
imponente, descrito na narração que antecede a música como, nobre, forte e
musculoso, capaz de lançar-se ao oceano durante seus voos para caçar focas,
ursos polares e até mesmo lobos marinhos. Ele desce até as profundezas marinhas
em busca de um parceiro, e uma vez que encontra seu objeto de amor platônico,
nunca o esquece, apesar de sempre retornar ao seu lugar de origem. Começa
de forma serena, quase onírica. O violão o o hulusi – instrumento chinês de
sopro - dominam a peça por um bom tempo, até que há uma mudança de direção com a entrada
da seção rítmica e guitarra elétrica, trazendo energia e peso para a peça. Essa
mudança de sonoridade, pode ser visto como o momento que a criatura revela sua
verdadeira natureza, deixando a calmaria para assumir uma presença dominante e
ameaçadora.
“Meirga”, aqui a banda parece está focada apenas em um tipo
de meiga, porém, é bom deixar claro que as meigas podem ser divididas em
diferentes tipos, como as "meigas chuchonas," que sugam a energia
vital das pessoas, as "meigas de mal," que são mais maléficas e
citadas na narração, além das "meigas boas" ou "meigas de
bien" que são consideradas curandeiras ou protetoras. Por meio de uma
sonoridade delicada produzida por teclados em camadas e violão, deitam alguns
vocais emotivos que cantam sobre a dor causada por uma mulher que esmagou seu
coração e lançou um feitiço sobre ele. A cominação da música e a sua narração, que
de certa forma, pode ser um simples efeito de uma manipulação emocional, aqui
ganha uma conexão com algo mais amplo e misterioso.
“Rainbow Leprechaun” é uma criatura que têm suas raízes na
mitologia irlandesa, onde são conhecidos como pequenos seres encantados, muitas
vezes descritos como travessos e solitários e que guardam potes de ouro no
final do arco-íris. A ideia do "Rainbow Leprechaun" é uma evolução
dessa tradição, incorporando a magia e a cor vibrante dos arco-íris. A música
começa com uma atmosfera grandiosa e sombria, marcada por arranjos sinfônicos
que criam uma sensação de mistério e profundidade. A transição ocorre com a
introdução de uma bateria de estilo militar acompanhada pelo baixo, que conduz
a peça a um território mais robusto na quantidade de instrumentos utilizados.
Segue-se um breve solo de escaleta, seguido por um de guitarra. Após esse
momento de destaque, a música retorna a uma sonoridade serena, guiada pela flauta
delicada e mantendo essa tranquilidade até o desfecho. Nem sempre é fácil achar
uma relação da música e a criatura, mas ao menos a atmosfera grandiosa e
sombria no início, pode ilustrar o Rainbow Leprechaun, uma figura que carrega
um mistério e uma aura enigmática.
“Tardo”, não confundir com o ser lendário de mesmo nome, mas
da mitologia dos povos indígenas da região da Amazônia. Aqui se trata do Tardo
da Galícia, que é frequentemente retratado como uma entidade que vive nas áreas
rurais e florestais. Pode ter uma aparência que mistura elementos humanos e
animais, como orelhas pontudas ou olhos brilhantes. Gosta de aprontar com os
seres humano, fazendo, por exemplo, com que se percam em florestas ou sintam
sensações ruins como dores e pesadelos. Possui uma musicalidade bastante forte,
principalmente por meio de uma seção rítmica enérgica e teclados sinfônicos.
Enquanto isso, o vocal se apresenta da perspectiva do Tardo, ou seja, como uma
figura poderosa e ameaçadora, que manipula e domina os medos e ansiedades da
pessoa a quem se dirige. A sensação sinfônica de grandiosidade e mistério da música
acaba ressoando com a natureza folclórica e enigmática da criatura.
"Papilio Evanescens" é uma borboleta de asas coloridas, por isso, o nome Papilio, que significa borboleta, enquanto que ”Evanescens" pode ser interpretado como algo que se desvanece ou desaparece, indicando que a criatura pode ter a habilidade de desaparecer. Inicialmente uma lagarta planta, seu desaparecimento abrupto após se transformar em borboleta também costuma ser associado a características místicas, como a capacidade de viajar entre mundos ou dimensões. Musicalmente, a primeira parte da canção se destaca por sua atmosfera etérea, onde os vocais femininos sobrepostos – ainda que sejam da mesma vocalista - flutuam com uma delicadeza celestial.
No núcleo da música, uma flauta encantadora surge acompanhada por batidas percussivas que trazem uma leveza rítmica. Então que a seção rítmica emerge com mais vigor, impulsionando a canção para um caminho de intensidade. Essa mudança de direção é marcada por um solo de teclado, seguido por um solo de guitarra, onde ambos edificam a composição. Dessa forma, Papilio Evanescens se torna uma metáfora viva para a música, personificando a transição da suavidade para a intensidade, da fragilidade para a força, tudo enquanto mantém sua natureza graciosa e transcendental. Além disso, sua forma de existir e desaparecer, nos faz questionar por meio da parte final de sua letra, “Sua ausência nos obriga a perguntar se há algo além ao morrer", sobre a morte e o mistério do que vem depois, levando à ponderação sobre a existência de uma vida após a morte ou uma continuação em outro plano.
“Draculis Scarabus” dá nome a uma criatura que exibe uma
carapaça negra e reluzente e que é cuidadosamente adornada com marcas
escarlates, evocando a imagem de olhos vigilantes ou garras afiadas. Esses
detalhes não só acentuam, mas também amplificam sua aparência intimidadora. Inicialmente, algumas notas solitárias do baixo são
acompanhadas por uma sonoridade que parece ter sido tirada de algum filme de
terror dos anos 70, então a música entra em uma linha mais eletrônica, porém,
ainda mantendo o toque atmosférico, que a essa altura também dá à faixa algumas leves pinceladas de psicodelia.
Mais perto do fim, a bateria se intensifica, onde junta dos demais
instrumentos, cria um clima quase que angustiante. Considero está a música que
mais se aparenta com a criatura que representa, tendo o seu som convertido em
uma essência sombria e experiência horripilante, tal qual a de se deparar com a
criatura mencionada.
Assim como aconteceu com o começo do disco, no seu final
também há uma breve mensagem do Manual De Criptozoología, já deixando em aberto
que uma terceira parte pode acontecer: A história termina, segundo
bestiário, treze outros novos seres povoam nossa imaginação. O mapa de Urbano
Monte serviu como um quadro para outra grande viagem por lugares estranhos e
novos. Vamos fechar este manuscrito agora, talvez outro esteja esperando.
Bestiário II é um disco encantador, tecido com uma tapeçaria
sonora rica e harmoniosa. O álbum se destaca pela sua melodia envolvente e pela
harmonia delicada que permeia cada faixa, criando uma experiência imersiva e
cativante. Vale destacar também, a maneira como a banda ocasionalmente se
aventura por territórios mais pesados, com momentos de musicalidade intensa que
contrastam de forma eficaz com a suavidade predominante.
Cada música parece capturar a essência da criatura que
representa, proporcionando um retrato sonoro vívido e expressivo. A transição
entre a suavidade e a intensidade é executada com classe, permitindo que o
álbum conte histórias ricas e variadas, todas ancoradas em uma narrativa coesa
e sensível. Por fim, Bestiário II é um convite para uma jornada através
de um universo sonoro repleto de contrastes, onde a beleza melódica e a força
musical se encontram em uma dança harmoniosa, sempre respeitando a mitologia e
a imagem evocada por cada composição.
================================The Circle Project is a Spanish project conceived by Ángel G. Lajarí – who neither sings nor plays any of the instruments but takes on roles in production, art creation, and graphic design, as well as project management. The band's sound stands out for its creative approach, skillfully blending literature with a wide range of musical genres, with a special focus on art rock. The band's aim is to provide a musical experience that goes beyond mere auditory appreciation. Their compositions are not only sophisticated and elaborate but also carry deep and engaging literary narratives that capture the imagination and heart of those who immerse themselves in the world created by the group. By integrating storytelling elements with symphonic musical arrangements, the band offers a complete immersion into their creative universe.
The genesis of The Circle Project is quite intriguing. The band's concept emerged from a series of discussions among members of the Spanish Facebook group called Prog Circle. This group, dedicated to progressive rock and its various subgenres, served as a virtual meeting point for enthusiasts of progressive music. It was in this space that the passion for music found fertile ground, allowing creative ideas to be shared and explored. The conversations and interactions within the group not only fostered the exchange of influences and experiences but also helped shape the vision and identity of the project that was about to begin.
Bestiario II is the group's second album, and as the name suggests, it continues the theme explored in its predecessor. The concept remains centered around a fascinating collection of descriptions of creatures, whether real or mythical. Each song functions as an entry in a sonic bestiary, where well-crafted melodies and arrangements evoke the nature, mystery, and magic surrounding the subject. Thus, Bestiario II not only complements the previous work but also expands the group's sonic and imaginative universe.
Although each song has its merits and is worth mentioning, I will comment on the ones I liked the most. First, through a Manual De Criptozoología, a voice welcomes us to this new journey through the fascinating universe provided by the group: A new awaited book has arrived in our hands. We will travel again through time and space with impossible, colorful, and arcane animals from distant lands and past oceans. To listen to their songs, let us once again open the bestiary. After this introductory narration, the album begins with “Mantícora,” a mythological creature of Persian origin, later incorporated into Greek mythology, with a human head, lion's body, and a dragon or scorpion tail. The acoustic guitar starts with a solitary glide, but soon other instruments join in, each bringing its own color and texture, enriching the composition and creating a harmony that gradually evolves. It is interesting to see such a delicate song symbolize such a fierce creature. The idea might be to explore a narrative about the coexistence of strength and delicacy, or even the deceptive nature of appearances.
It is a type of giant squid that lives in the abyssal depths. The excessive size of its tentacles creates large whirlpools – similar to Charybdis in the Strait of Messina – and is capable of sinking ships. Mentioned in medieval bestiaries and by Jules Verne, it now represents another mystery of the ocean, perhaps less known than our solar system. With these words, "Architeutis Dux -Kraken" is presented to us. The sound production is well-designed to reflect the vastness and darkness of the deep waters. The experimental arrangements are rich in textures and layers, creating a palpable sense of depth and complexity that is emblematic of the legends surrounding this creature.
“Pardus Alatus Nero,” a relentless and imposing flying feline, described in the narration preceding the song as noble, strong, and muscular, capable of diving into the ocean during its flights to hunt seals, polar bears, and even sea lions. It descends to the marine depths in search of a mate, and once it finds its object of platonic love, it never forgets, despite always returning to its place of origin. It begins serenely, almost dreamily. The guitar and the hulusi – a Chinese wind instrument – dominate the piece for a while until there is a change of direction with the entry of the rhythmic section and electric guitar, bringing energy and weight to the piece. This change in sound can be seen as the moment the creature reveals its true nature, leaving calmness to assume a dominant and threatening presence.
“Meirga” here seems to focus solely on a type of meiga, but it is worth clarifying that meigas can be divided into different types, such as "meigas chuchonas," which drain people's vital energy, "meigas de mal," which are more malevolent and mentioned in the narration, and "meigas boas" or "meigas de bien," which are considered healers or protectors. Through delicate sound produced by layered keyboards and guitar, some emotive vocals sing about the pain caused by a woman who crushed his heart and cast a spell on it. The combination of the song and its narration, which could be a simple effect of emotional manipulation, gains a connection with something broader and more mysterious here.
“Rainbow Leprechaun” is a creature rooted in Irish mythology, where they are known as small enchanted beings, often described as mischievous and solitary, and guarding pots of gold at the end of the rainbow. The idea of the "Rainbow Leprechaun" is an evolution of this tradition, incorporating the magic and vibrant color of rainbows. The song starts with a grand and dark atmosphere, marked by symphonic arrangements that create a sense of mystery and depth. The transition occurs with the introduction of a military-style drum accompanied by bass, leading the piece to a more robust territory in terms of instrument quantity. This is followed by a brief xylophone solo, then a guitar solo. After this highlight, the song returns to a serene sound, guided by the delicate flute and maintaining this tranquility until the end. It is not always easy to find a connection between the music and the creature, but at least the grand and dark atmosphere at the beginning can illustrate the Rainbow Leprechaun, a figure that carries a mystery and enigmatic aura.
“Tardo,” not to be confused with the legendary being of the same name from the mythology of indigenous peoples of the Amazon region, refers here to the Tardo from Galicia, often portrayed as an entity living in rural and forested areas. It may have an appearance that blends human and animal elements, such as pointed ears or glowing eyes. It enjoys playing tricks on humans, making them get lost in forests or experience unpleasant sensations like pain and nightmares. It has a very strong musicality, mainly through an energetic rhythmic section and symphonic keyboards. Meanwhile, the vocals present themselves from the perspective of the Tardo, as a powerful and threatening figure that manipulates and dominates the fears and anxieties of the person it addresses. The symphonic sense of grandeur and mystery of the music resonates with the folkloric and enigmatic nature of the creature.
"Papilio Evanescens" is a butterfly with colorful wings, hence the name Papilio, which means butterfly, while "Evanescens" can be interpreted as something that fades or disappears, indicating that the creature might have the ability to vanish. Initially a caterpillar plant, its abrupt disappearance after transforming into a butterfly is also often associated with mystical characteristics, such as the ability to travel between worlds or dimensions. Musically, the first part of the song stands out for its ethereal atmosphere, where overlapping female vocals – even though they are from the same singer – float with a celestial delicacy.
At the core of the song, a charming flute emerges accompanied by percussive beats that bring rhythmic lightness. Then the rhythmic section emerges with more vigor, propelling the song towards a path of intensity. This change in direction is marked by a keyboard solo, followed by a guitar solo, where both build up the composition. Thus, Papilio Evanescens becomes a living metaphor for the music, embodying the transition from softness to intensity, from fragility to strength, all while maintaining its graceful and transcendental nature. Furthermore, its way of existing and disappearing makes us question through the final part of its lyrics, "Its absence compels us to ask if there is something beyond death," about death and the mystery of what comes after, leading to pondering the existence of an afterlife or continuation in another realm.
“Draculis Scarabus” names a creature with a black and shiny carapace, carefully adorned with scarlet markings, evoking the image of vigilant eyes or sharp claws. These details not only accentuate but also amplify its intimidating appearance. Initially, some solitary bass notes are accompanied by a sound reminiscent of a 70s horror film, then the music transitions to a more electronic line, still maintaining an atmospheric touch, which also gives the track some light psychedelic hints. Near the end, the drums intensify, and along with the other instruments, creates an almost distressing atmosphere. I find this the song that most resembles the creature it represents, with its sound turned into a dark essence and horrifying experience, akin to encountering the mentioned creature.
The Circle Project is a Spanish project conceived by Ángel G. Lajarí – who neither sings nor plays any of the instruments but takes on roles in production, art creation, and graphic design, as well as project management. The band's sound stands out for its creative approach, skillfully blending literature with a wide range of musical genres, with a special focus on art rock. The band's aim is to provide a musical experience that goes beyond mere auditory appreciation. Their compositions are not only sophisticated and elaborate but also carry deep and engaging literary narratives that capture the imagination and heart of those who immerse themselves in the world created by the group. By integrating storytelling elements with symphonic musical arrangements, the band offers a complete immersion into their creative universe.
The genesis of The Circle Project is quite intriguing. The band's concept emerged from a series of discussions among members of the Spanish Facebook group called Prog Circle. This group, dedicated to progressive rock and its various subgenres, served as a virtual meeting point for enthusiasts of progressive music. It was in this space that the passion for music found fertile ground, allowing creative ideas to be shared and explored. The conversations and interactions within the group not only fostered the exchange of influences and experiences but also helped shape the vision and identity of the project that was about to begin.
Bestiario II is the group's second album, and as the name suggests, it continues the theme explored in its predecessor. The concept remains centered around a fascinating collection of descriptions of creatures, whether real or mythical. Each song functions as an entry in a sonic bestiary, where well-crafted melodies and arrangements evoke the nature, mystery, and magic surrounding the subject. Thus, Bestiario II not only complements the previous work but also expands the group's sonic and imaginative universe.
Although each song has its merits and is worth mentioning, I will comment on the ones I liked the most. First, through a Manual De Criptozoología, a voice welcomes us to this new journey through the fascinating universe provided by the group: A new awaited book has arrived in our hands. We will travel again through time and space with impossible, colorful, and arcane animals from distant lands and past oceans. To listen to their songs, let us once again open the bestiary. After this introductory narration, the album begins with “Mantícora,” a mythological creature of Persian origin, later incorporated into Greek mythology, with a human head, lion's body, and a dragon or scorpion tail. The acoustic guitar starts with a solitary glide, but soon other instruments join in, each bringing its own color and texture, enriching the composition and creating a harmony that gradually evolves. It is interesting to see such a delicate song symbolize such a fierce creature. The idea might be to explore a narrative about the coexistence of strength and delicacy, or even the deceptive nature of appearances.
It is a type of giant squid that lives in the abyssal depths. The excessive size of its tentacles creates large whirlpools – similar to Charybdis in the Strait of Messina – and is capable of sinking ships. Mentioned in medieval bestiaries and by Jules Verne, it now represents another mystery of the ocean, perhaps less known than our solar system. With these words, "Architeutis Dux -Kraken" is presented to us. The sound production is well-designed to reflect the vastness and darkness of the deep waters. The experimental arrangements are rich in textures and layers, creating a palpable sense of depth and complexity that is emblematic of the legends surrounding this creature.
“Pardus Alatus Nero,” a relentless and imposing flying feline, described in the narration preceding the song as noble, strong, and muscular, capable of diving into the ocean during its flights to hunt seals, polar bears, and even sea lions. It descends to the marine depths in search of a mate, and once it finds its object of platonic love, it never forgets, despite always returning to its place of origin. It begins serenely, almost dreamily. The guitar and the hulusi – a Chinese wind instrument – dominate the piece for a while until there is a change of direction with the entry of the rhythmic section and electric guitar, bringing energy and weight to the piece. This change in sound can be seen as the moment the creature reveals its true nature, leaving calmness to assume a dominant and threatening presence.
“Meirga” here seems to focus solely on a type of meiga, but it is worth clarifying that meigas can be divided into different types, such as "meigas chuchonas," which drain people's vital energy, "meigas de mal," which are more malevolent and mentioned in the narration, and "meigas boas" or "meigas de bien," which are considered healers or protectors. Through delicate sound produced by layered keyboards and guitar, some emotive vocals sing about the pain caused by a woman who crushed his heart and cast a spell on it. The combination of the song and its narration, which could be a simple effect of emotional manipulation, gains a connection with something broader and more mysterious here.
“Rainbow Leprechaun” is a creature rooted in Irish mythology, where they are known as small enchanted beings, often described as mischievous and solitary, and guarding pots of gold at the end of the rainbow. The idea of the "Rainbow Leprechaun" is an evolution of this tradition, incorporating the magic and vibrant color of rainbows. The song starts with a grand and dark atmosphere, marked by symphonic arrangements that create a sense of mystery and depth. The transition occurs with the introduction of a military-style drum accompanied by bass, leading the piece to a more robust territory in terms of instrument quantity. This is followed by a brief xylophone solo, then a guitar solo. After this highlight, the song returns to a serene sound, guided by the delicate flute and maintaining this tranquility until the end. It is not always easy to find a connection between the music and the creature, but at least the grand and dark atmosphere at the beginning can illustrate the Rainbow Leprechaun, a figure that carries a mystery and enigmatic aura.
“Tardo,” not to be confused with the legendary being of the same name from the mythology of indigenous peoples of the Amazon region, refers here to the Tardo from Galicia, often portrayed as an entity living in rural and forested areas. It may have an appearance that blends human and animal elements, such as pointed ears or glowing eyes. It enjoys playing tricks on humans, making them get lost in forests or experience unpleasant sensations like pain and nightmares. It has a very strong musicality, mainly through an energetic rhythmic section and symphonic keyboards. Meanwhile, the vocals present themselves from the perspective of the Tardo, as a powerful and threatening figure that manipulates and dominates the fears and anxieties of the person it addresses. The symphonic sense of grandeur and mystery of the music resonates with the folkloric and enigmatic nature of the creature.
"Papilio Evanescens" is a butterfly with colorful wings, hence the name Papilio, which means butterfly, while "Evanescens" can be interpreted as something that fades or disappears, indicating that the creature might have the ability to vanish. Initially a caterpillar plant, its abrupt disappearance after transforming into a butterfly is also often associated with mystical characteristics, such as the ability to travel between worlds or dimensions. Musically, the first part of the song stands out for its ethereal atmosphere, where overlapping female vocals – even though they are from the same singer – float with a celestial delicacy.
At the core of the song, a charming flute emerges accompanied by percussive beats that bring rhythmic lightness. Then the rhythmic section emerges with more vigor, propelling the song towards a path of intensity. This change in direction is marked by a keyboard solo, followed by a guitar solo, where both build up the composition. Thus, Papilio Evanescens becomes a living metaphor for the music, embodying the transition from softness to intensity, from fragility to strength, all while maintaining its graceful and transcendental nature. Furthermore, its way of existing and disappearing makes us question through the final part of its lyrics, "Its absence compels us to ask if there is something beyond death," about death and the mystery of what comes after, leading to pondering the existence of an afterlife or continuation in another realm.
“Draculis Scarabus” names a creature with a black and shiny carapace, carefully adorned with scarlet markings, evoking the image of vigilant eyes or sharp claws. These details not only accentuate but also amplify its intimidating appearance. Initially, some solitary bass notes are accompanied by a sound reminiscent of a 70s horror film, then the music transitions to a more electronic line, still maintaining an atmospheric touch, which also gives the track some light psychedelic hints. Near the end, the drums intensify, and along with the other instruments, creates an almost distressing atmosphere. I find this the song that most resembles the creature it represents, with its sound turned into a dark essence and horrifying experience, akin to encountering the mentioned creature.
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