Barock Project - Detachment (2017)

Liderada pelo multi-instrumentista e compositor Luca Zabbini, a banda Barock Project é sem dúvida uma das grandes bandas de rock progressivo surgida nesse século. Com uma mistura envolvente de técnicas clássicas e modernas, Detachment é um testemunho da habilidade da banda em criar músicas complexas e acessíveis. As composições de Zabbini são uma fusão magistral de influências que vão desde o rock sinfônico dos anos 70 até toques contemporâneos, criando uma sonoridade única e cativante.

A música da Barock Project está sempre mostrando uma grande progressão, mantendo-se fiel ao seu estilo característico. Detachment é uma verdadeira montanha-russa de notas e variações de humor – mais moderno, diversificado e até mesmo mais pesado que os trabalhos anteriores. É como se a banda tivesse misturado doses perfeitas de rock, jazz, metal, prog, flamenco, música oriental, folk, música celta, pop e música sinfônica, resultando em uma composição, execução e produção lindíssimas.

O álbum se inicia com "Driving Rain", uma abertura breve, mas impactante, com uma melodia de piano que complementa o clima melancólico da capa do álbum, preparando-nos para uma viagem sonora fria e obscura. "Promises" é a faixa que de fato dá início ao disco e de maneira avassaladora. Dominada por sintetizadores, a faixa traz elementos de metal executados com delicadeza, vocais cativantes e instrumentais pesados. "Happy to See You" é outra faixa belíssima, mesclando virtuosismo com musicalidade de fácil aceitação. Com um trabalho vocal excelente e um refrão contagiante, a faixa possui um solo de Hammond sensacional, seguido por um solo de guitarra que é puro sentimento, executado sobre um arranjo sinfônico deslumbrante.

"One Day" começa com sons de guitarra neoclássica, que rapidamente se transformam em um som de 12 cordas. Trata-se de um rock progressivo clássico, com elementos de beleza pastoral, flauta, pianos e uma sonoridade crescente que lhe confere um ar épico. "Secret Therapy" inicia com tablas e execuções acústicas rápidas e com aromas orientais. A produção é sensacional, com uma paisagem sonora criada por quem sabe usar nuances para "colorir" o som de maneira sublime. "Broken" traz Peter Jones (Tiger Moth Tales) como convidado nos vocais, mostrando sua influência em Peter Gabriel. A faixa é uma combinação de piano, arranjos de cordas, linhas de guitarra elétrica e acústica, bateria quebrada e sintetizadores fortes. Com quase dez minutos, é a faixa mais longa do álbum e também um dos seus momentos mais inspirados.

"Old Ghosts" começa com um vocal sobre uma atmosfera criada pelo teclado, ganhando força com a entrada da bateria e guitarra acústica. A faixa apresenta pianos suaves, vocais melódicos, coros bem feitos, ótimos backing vocals e um momento mais pesado. "Alone" é mais uma música onde os vocais ficam por conta de Peter Jones. Basicamente composta por piano e voz, cada nota vocal é carregada de sentimento, fazendo deste um dos momentos mais emotivos do disco, apesar de sua simplicidade e curta duração. "Rescue Me" começa tranquilamente, mas logo muda para um ritmo rápido e cativante, liderado por um riff de guitarra que se mantém por toda a extensão da faixa. É uma música diferente do que a banda costuma produzir, mas de grande atmosfera e alto astral, que deve funcionar ainda melhor ao vivo.

Em "Twenty Years", a banda novamente começa de maneira amena, com uso de guitarra acústica e, ocasionalmente, cordas. A faixa cresce exponencialmente no ouvinte, com riffs e solos de guitarra pesados. Seu final é o ápice musical, com uma sonoridade orquestral impactante e de influência medieval. "Waiting" é enérgica, apresentando interlúdios de piano cativantes e belos, partes orquestrais e solos de teclados que demonstram o poder da música.

"A New Tomorrow" é provavelmente a música mais elegante do disco. Melódica e harmoniosa, ganha força sem perder seu charme, principalmente por conta dos vocais melódicos. Guitarra pesada intercalada com violão, ótimo trabalho de Hammond, baixo pulsante e bateria variando entre enérgica e suave, deixando a música em um equilíbrio magnífico. "Spies" fecha o disco com uma levada de guitarra acústica, bateria cadenciada, baixo criativo e pianos em doses homeopáticas. A faixa ganha peso em seguida, antes de receber uma nova direção, onde uma "tempestade jazzy" golpeia o ouvinte em sua segunda metade, terminando com um final orquestral digno.

Detachment é um tiro certeiro desta incrível banda de rock progressivo. É um daqueles discos capazes de encapsular o ouvinte em seu próprio universo musical.

========
========
========
========

Led by multi-instrumentalist and composer Luca Zabbini, Barock Project is undoubtedly one of the great progressive rock bands to emerge in this century. With an engaging mix of classical and modern techniques, Detachment is a testament to the band’s ability to create complex and accessible music. Zabbini's compositions are a masterful fusion of influences ranging from 70s symphonic rock to contemporary touches, creating a unique and captivating sound.

Barock Project’s music consistently shows significant progression while staying true to its distinctive style. Detachment is a true rollercoaster of notes and mood variations—more modern, diverse, and even heavier than previous works. It’s as if the band has mixed perfect doses of rock, jazz, metal, prog, flamenco, oriental music, folk, Celtic music, pop, and symphonic music, resulting in beautiful composition, execution, and production.

The album opens with "Driving Rain", a brief but impactful introduction with a piano melody that complements the melancholic album cover, setting us up for a cold and dark sonic journey. "Promises" is the track that truly kicks off the album with a bang. Dominated by synthesizers, it features delicately executed metal elements, captivating vocals, and heavy instrumentals. "Happy to See You" is another beautiful track, blending virtuosity with easily accessible musicality. With excellent vocal work and an infectious chorus, the track features a sensational Hammond solo followed by a guitar solo that is pure emotion, performed over a stunning symphonic arrangement.

"One Day" begins with neoclassical guitar sounds that quickly transform into a 12-string sound. It is a classic progressive rock piece with elements of pastoral beauty, flute, pianos, and a growing sound that gives it an epic feel. "Secret Therapy" starts with tablas and quick acoustic executions with oriental aromas. The production is outstanding, creating a soundscape with sublime nuances that "color" the sound beautifully. "Broken" features Peter Jones (Tiger Moth Tales) as a guest vocalist, showcasing his influence from Peter Gabriel. The track is a combination of piano, string arrangements, electric and acoustic guitar lines, broken drums, and strong synthesizers. At nearly ten minutes, it is the longest track on the album and also one of its most inspired moments.

"Old Ghosts" begins with vocals over a keyboard-created atmosphere, gaining strength with the entry of drums and acoustic guitar. The track features smooth pianos, melodic vocals, well-done choruses, great backing vocals, and a heavier moment. "Alone" is another track where Peter Jones provides the vocals. Essentially composed of piano and voice, each vocal note is filled with emotion, making it one of the most poignant moments of the album despite its simplicity and short duration. "Rescue Me" starts calmly but quickly shifts to a fast-paced and captivating rhythm, led by a guitar riff that maintains its presence throughout the track. It is different from what the band usually produces but has a great atmosphere and high spirits, likely to work even better live.

In "Twenty Years", the band starts again in a mild manner, using acoustic guitar and occasionally strings. The track grows exponentially on the listener, with heavy guitar riffs and solos. Its ending is the musical peak, with an impactful orchestral sound and medieval influences. "Waiting" is energetic, featuring captivating and beautiful piano interludes, orchestral parts, and keyboard solos that demonstrate the power of music.

"A New Tomorrow" is probably the most elegant track on the album. Melodic and harmonious, it gains strength without losing its charm, primarily due to the melodic vocals. Heavy guitar interspersed with acoustic guitar, excellent Hammond work, pulsating bass, and varying energetic and smooth drums leave the music in magnificent balance. "Spies" closes the album with an acoustic guitar groove, steady drums, creative bass, and homeopathic doses of piano. The track gains weight before taking a new direction, where a "jazzy storm" hits the listener in its second half, ending with a worthy orchestral finale.

Detachment is a bullseye from this incredible progressive rock band. It is one of those albums capable of encapsulating the listener in its own musical universe.

NOTA: 8/10

Tracks Listing:

1. Driving Rain (1:02)
2. Promises (5:05)
3. Happy to See You (7:37)
4. One Day (7:23)
5. Secret Therapy (5:37)
6. Broken (9:10)
7. Old Ghosts (4:07)
8. Alone (3:14)
9. Rescue Me (4:55)
10. Twenty Years (6:06)
11. Waiting (5:43)
12. A New Tomorrow (7:39)
13. Spies (7:23)

Ouça, "Spies"



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Solaris - Marsbéli Krónikák (The Martian Chronicles) (1984)

  Marsbéli Krónikák  é um álbum que merece atenção especial dentro do rock progressivo dos anos 80. Apesar da década ser frequentemente vist...

Postagens mais visitadas na última semana