Emerson, Lake And Palmer - Works Volume 1 (1977)

Bandas como Emerson, Lake & Palmer enfrentam um problema recorrente: o conflito entre egos, que muitas vezes ofusca a própria música. À medida que esses egos se tornam mais evidentes, os músicos acabam atingindo um ponto onde cada um tenta ser o líder, o que convenhamos, torna mais difícil a colaboração e o funcionamento harmonioso do grupo. Não importa o quão talentosos e virtuosos sejam, a dinâmica interna pode se tornar um obstáculo. Works Volume 1, em particular, deve ser compreendido como uma coleção de contribuições individuais, cada uma ocupando um lado do vinil, culminando em um final onde vemos composições e performances conjuntas.


DISCO 1:

O primeiro lado é dominado por Keith Emerson, que apresenta seu "Piano Concerto No. 1". É fácil reconhecer o talento de um músico desse calibre em uma obra desse tipo, mas infelizmente isso não é suficiente para conquistar o ouvinte. Pessoalmente, nunca consegui me conectar com essa peça; tudo parece um tanto desordenado, sem uma estrutura clara, como se as influências e o desenvolvimento do concerto estivessem perdidos. Emerson, sem dúvida, tem talento e imaginação de sobra, mas o resultado aqui acaba soando mais pretensioso do que substancial.

O lado de Greg Lake traz uma suavidade que parece tentar recriar a atmosfera de sucessos comerciais da banda, como "Lucky Man" e "From the Beginning". No entanto, o resultado não atinge a mesma força e qualidade dessas faixas. Ainda assim, há destaques a serem mencionados, como "C'est La Vie" e "Closer to Believing", que mostram momentos de brilho, mesmo que não sejam suficientes para sustentar todo o lado. 


DISCO 2:

É interessante lembrar que, quando resenhei o disco de estreia da banda, mencionei que Carl Palmer parecia não tocar no mesmo nível dos demais músicos, embora preenchesse bem seu espaço. Muitos interpretaram isso como uma crítica pessoal ao baterista, mas minha observação estava ligada apenas àquele momento específico. Curiosamente, neste disco, considero o lado de Carl Palmer o mais forte e agradável. A maneira como ele interpreta as músicas de Bach e Prokofiev com uma imaginação e qualidade incrível, além de uma composição própria com claras influências jazzísticas. Faixas como "The Enemy God Dances With The Black Spirits" e "Tank" são destaques inegáveis.

O último lado do disco, onde toda a banda finalmente se reúne, apresenta dois épicos: "Fanfare for the Common Man" e "Pirates". A primeira é uma boa adaptação da obra de Aaron Copland e se tornou um clássico nos shows da banda. Já "Pirates" é uma faixa sólida, mas que se estende além do necessário, provando que, mesmo no rock progressivo, onde as músicas são conhecidas por sua duração prolongada, às vezes, menos pode ser mais.

Em suma, considero este um bom disco, mas com um gosto amargo de que poderia ter sido muito melhor. Não é um álbum que recomendaria para ouvintes casuais da banda ou como porta de entrada para quem não está familiarizado com o grupo. Para esses casos, os trabalhos anteriores são mais indicados.

========
========
========
========

DISCO 1:

Bands like Emerson, Lake & Palmer often face a recurring problem: the clash of egos, which frequently overshadows the music itself. As these egos become more evident, the musicians eventually reach a point where each tries to be the leader, which, let’s be honest, makes collaboration and the harmonious functioning of the group more difficult. No matter how talented and virtuosic they are, internal dynamics can become an obstacle. Works Volume 1, in particular, should be understood as a collection of individual contributions, each occupying one side of the vinyl, culminating in a final section where we see joint compositions and performances.

The first side is dominated by Keith Emerson, who presents his "Piano Concerto No. 1." It’s easy to recognize the talent of a musician of this caliber in a piece of this type, but unfortunately, that’s not enough to captivate the listener. Personally, I’ve never been able to connect with this piece; everything feels somewhat disordered, without a clear structure, as if the influences and development of the concerto were lost. Emerson undoubtedly has talent and imagination to spare, but the result here ends up sounding more pretentious than substantial.

Greg Lake’s side brings a softness that seems to attempt to recreate the atmosphere of the band’s commercial hits like "Lucky Man" and "From the Beginning." However, the result doesn’t reach the same strength and quality as those tracks. Still, there are highlights worth mentioning, such as "C’est La Vie" and "Closer to Believing," which show moments of brilliance, even if they’re not enough to carry the entire side. 


DISCO 2:

It’s interesting to remember that when I reviewed the band’s debut album, I mentioned that Carl Palmer didn’t seem to play on the same level as the other musicians, though he filled his role well. Many interpreted this as a personal critique of the drummer, but my observation was linked solely to that specific moment. Curiously, on this album, I consider Carl Palmer’s side to be the strongest and most enjoyable. The way he interprets the music of Bach and Prokofiev with incredible imagination and quality, as well as a composition of his own with clear jazz influences, is remarkable. Tracks like "The Enemy God Dances With The Black Spirits" and "Tank" are undeniable highlights.

The last side of the album, where the entire band finally comes together, features two epics: "Fanfare for the Common Man" and "Pirates." The former is a good adaptation of Aaron Copland’s work and has become a classic in the band’s live shows. Meanwhile, "Pirates" is a solid track, but it stretches beyond what’s necessary, proving that even in progressive rock, where songs are known for their extended lengths, sometimes less is more.

In summary, I consider this a good album, but with a bittersweet taste of what could have been much better. It’s not an album I would recommend to casual listeners of the band or as a gateway for those unfamiliar with the group. For those cases, earlier works are more suitable.

NOTA:5/10

Tracks Listing

DISCO 1:

-- Keith Emerson --

1. Piano Concerto No. 1 {Emerson} (18:28)

-- Greg Lake --

2. Lend Your Love to Me Tonight (4:05)
3. C'est La Vie (4:20)
4. Hallowed Be Thy Name (4:38)
5. Nobody Loves You Like I Do (4:00)
6. Closer to Believing (5:34)

DISCO 2:

-- Carl Palmer --

1. The Enemy God Dances with the Black Spirits (excerpt from "The Scythian Suite" 2nd Movement) {Prokofiev} (3:21)
2. L.A. Nights (5:47)
3. New Orleans (2:50)
4. Two Part Invention in D Minor {Bach, arranged by Palmer} (1:58)
5. Food for Your Soul (4:02)
6. Tank (5:12)

-- Emerson, Lake & Palmer --

7. Fanfare for the Common Man {Aaron Copland, arranged by Emerson} (9:45)
8. Pirates (13:19)

Ouça, " Pirates"





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Solaris - Marsbéli Krónikák (The Martian Chronicles) (1984)

  Marsbéli Krónikák  é um álbum que merece atenção especial dentro do rock progressivo dos anos 80. Apesar da década ser frequentemente vist...

Postagens mais visitadas na última semana