No álbum The Yes Album, lançado antes de Fragile, a banda já havia passado por sua primeira grande mudança de formação, com a saída do guitarrista Peter Banks, substituído pelo lendário Steve Howe. Essa mudança trouxe uma nova sonoridade ao Yes, tornando-a mais robusta e intricada. Fragile marca o início da era considerada por muitos fãs como a melhor formação da banda. Desta vez, a mudança aconteceu nos teclados, com a saída do criativo, mas "pouco" habilidoso Tony Kaye, e a entrada do extremamente talentoso Rick Wakeman, que elevou o som do Yes a um novo patamar.
Fragile é o retrato de uma banda em total sintonia, tocando com uma precisão cirúrgica e uma perfeição quase sobre-humana. As composições são sublimes, os solos de guitarra e teclado são deslumbrantes, com "duelos" que arrebatam os sentidos. A bateria, longe do convencional, é minimalista, com poucas batidas, mas muita técnica e sensibilidade, criando um dos trabalhos percussivos mais belos já registrados. As linhas de baixo são sensacionais, e os vocais de Jon Anderson soam como um instrumento adicional, complementando perfeitamente a complexidade sonora.
O álbum começa com a icônica "Roundabout", talvez a faixa mais famosa da banda entre as peças composta nos anos 70. É simplesmente incrível, capaz de agradar todo tipo de ouvinte, sem necessariamente soar comercial. A canção é construída sobre a famosa linha de baixo de Chris Squire, impulsionada por uma bateria enérgica e adornada com variações rítmicas e melodias cativantes. Os vocais de Anderson são impecáveis, e os trabalhos de teclado e guitarra se entrelaçam de forma perfeita, criando um dos grandes momentos da rica história da banda.
"South Side of the Sky" é outro ponto alto do disco, embora tenha demorado a ser tocada ao vivo. A faixa se destaca pelo baixo poderoso, o excelente diálogo entre guitarra e vocal, e o magnífico interlúdio de piano. Se alguém deseja entender a essência do rock progressivo, esta música é um exemplo perfeito. Com passagens de guitarra distorcida e bateria constante, traz uma vitalidade que faz a música ressoar profundamente.
"Long Distance Runaround" pode ser considerada, sem exageros, a faixa mais "pop" do álbum. Ela começa com uma espécie de "chorinho" executado por teclado e guitarra, sobre o qual a bateria e o baixo se encaixam em tempos diferentes. Embora relativamente curta, a faixa é extremamente cativante. Durante o álbum, há pequenas faixas que servem como pontes para as principais canções. Embora algumas possam parecer dispensáveis, vale destacar "Mood for a Day", uma peça acústica de Steve Howe que prepara o ouvinte de forma sublime para o momento culminante de Fragile.
"Heart of the Sunrise" é um verdadeiro colosso e encerra o disco de maneira esplêndida. Com mais de 10 minutos de duração, a faixa é equipada com todos os elementos que encantam os amantes do rock progressivo clássico. Ela começa de forma estridente e, à primeira audição, pode não soar imediatamente acessível. Porém, conforme a música evolui, a magia se revela. Jon Anderson executa um vocal alto e poderoso, talvez o mais impressionante de sua carreira. A faixa incorpora influências de jazz e música clássica, e em diversos momentos os instrumentos se conjugam, fazendo a banda soar como uma verdadeira orquestra. A linha de baixo de Squire é invejável, os riffs e solos de guitarra de Howe são impressionantes, a bateria de Bill Bruford é rápida e técnica, e os teclados de Rick Wakeman adicionam uma profundidade emocional rara. A atmosfera da música é incrível, mística, melancólica e profunda, fechando com chave de ouro um dos discos mais importantes da história do rock progressivo.
Fragile é um álbum obrigatório para qualquer pessoa que queira se envolver profundamente com o rock progressivo. De maneira categórica, pode-se dizer que Fragile evoca turbilhões sônicos, emprega arranjos artisticamente elaborados que desafiam a desconstrução, repousa sobre os ares do Olimpo do rock progressivo e finca sua bandeira em seu ponto mais alto. É, sem dúvida, uma obra-prima.
In The Yes Album, released before Fragile, the band had already undergone its first significant lineup change with the departure of guitarist Peter Banks, who was replaced by the legendary Steve Howe. This change brought a new sound to Yes, making it more robust and intricate. Fragile marks the beginning of what many fans consider the band's best lineup. This time, the change occurred on keyboards, with the departure of the creative but "less" skilled Tony Kaye, and the arrival of the extremely talented Rick Wakeman, who elevated Yes's sound to a new level.
Fragile is the portrait of a band in total harmony, playing with surgical precision and an almost superhuman perfection. The compositions are sublime, the guitar and keyboard solos are dazzling, with "duels" that captivate the senses. The drumming, far from conventional, is minimalist, with few beats but plenty of technique and sensitivity, creating one of the most beautiful percussive works ever recorded. The bass lines are sensational, and Jon Anderson's vocals sound like an additional instrument, perfectly complementing the sonic complexity.
The album opens with the iconic "Roundabout", perhaps the band's most famous track from the 70s. It's simply incredible, capable of pleasing all types of listeners without necessarily sounding commercial. The song is built on Chris Squire's famous bass line, driven by energetic drumming and adorned with rhythmic variations and captivating melodies. Anderson's vocals are impeccable, and the keyboard and guitar work intertwines perfectly, creating one of the great moments in the band's rich history.
"South Side of the Sky" is another highlight of the album, though it took some time to be performed live. The track stands out for its powerful bass, excellent interplay between guitar and vocals, and the magnificent piano interlude. If someone wants to understand the essence of progressive rock, this song is a perfect example. With distorted guitar passages and constant drumming, it brings a vitality that makes the music resonate deeply.
"Long Distance Runaround" could be considered, without exaggeration, the album's most "pop" track. It starts with a kind of "little cry" performed by keyboard and guitar, over which the drums and bass fit in different time signatures. Though relatively short, the track is extremely captivating. Throughout the album, there are small tracks that serve as bridges to the main songs. While some might seem dispensable, "Mood for a Day" is worth highlighting—an acoustic piece by Steve Howe that sublimely prepares the listener for Fragile's culminating moment.
"Heart of the Sunrise" is a true colossus and concludes the album splendidly. With over 10 minutes in length, the track is equipped with all the elements that delight lovers of classic progressive rock. It starts off stridently, and on first listen, it might not sound immediately accessible. However, as the music evolves, the magic unfolds. Jon Anderson delivers a high and powerful vocal performance, perhaps the most impressive of his career. The track incorporates jazz and classical music influences, and at various moments the instruments come together, making the band sound like a true orchestra. Squire's bass line is enviable, Howe's guitar riffs and solos are impressive, Bill Bruford's drumming is fast and technical, and Rick Wakeman's keyboards add a rare emotional depth. The atmosphere of the music is incredible, mystical, melancholic, and profound, closing with a flourish one of the most important albums in the history of progressive rock.
Fragile is an essential album for anyone wanting to deeply engage with progressive rock. It can be categorically stated that Fragile evokes sonic whirlwinds, employs artistically crafted arrangements that defy deconstruction, rests on the heights of the progressive rock Olympus, and plants its flag at its highest point. It is, without a doubt, a masterpiece.
NOTA: 10/10
Tracks
Listing:
1.
Roundabout (8:29)
2. Cans and Brahms (extracts from Brahms' 4th Symphony in E Minor, Third
Movement) (1:35)
3. We Have Heaven (1:30)
4. South Side of the Sky (8:04)
5. Five Percent for Nothing (0:35)
6. Long Distance Runaround (3:33)
7. The Fish (Schindleria Praematurus) (2:35)
8. Mood for a Day (2:57)
9. Heart of the Sunrise (10:34)
Ouça, "Heart of the Sunrise"
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