Surgida sem grandes pretensões, Machines Dream é uma banda formada por cinco amigos que se uniam para improvisar e explorar suas influências musicais e que logo transformou essas sessões em um som envolvente. Suas influências são claramente perceptíveis, com referências a grandes nomes como Pink Floyd, Genesis, King Crimson, Marillion, Porcupine Tree, e Tool, mas a banda não se limita a homenagens: busca criar algo original e significativo. Black Science é o terceiro e até então último registro da banda.
O álbum começa com "Armistice Day", uma introdução curta e atmosférica com vocais reminiscentes de Roger Waters e sons eletrônicos que preparam o terreno para "Weimar". Esta faixa já demonstra a capacidade da banda de mesclar teclados, piano e guitarra em um arranjo sinfônico, criando uma atmosfera densa e rica. O baixo é marcante, o cravo traz um toque barroco e os sintetizadores adicionam camadas à música que alterna entre momentos de grande intensidade e passagens mais suaves e emotivas.
"The Cannons Cry" inicia com um riff pesado, abordando o surgimento do fascismo e o uso da propaganda para impulsionar conflitos. Aqui, a influência de Roger Waters é evidente, mas a banda consegue imprimir sua identidade, complementando o tema com um baixo pulsante, bateria enérgica e uma aboa tmosfera criada pelos teclados. "Heavy Water" mergulha na história da primeira bomba atômica, imaginando os pensamentos e sentimentos do piloto da Enola Gay antes de lançar a bomba. O piano desempenha um papel central, com harmonias vocais influenciadas por Pink Floyd. A parte instrumental final é especialmente destacável, com um solo de guitarra melódico e uma base rítmica sólida, complementada por um tapete sonoro de teclados.
A leveza volta em "Airfield on Sunwick", que conta a história de Wojtek, um urso mascote que acompanhou uma unidade de combate polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Jakub Olejnik, da banda Maze Of Sound, adiciona autenticidade aos vocais, enquanto que o piano, mais uma vez, é o destaque, junto com a linha de baixo e o solo de sintetizador. A faixa-título, "Black Science", oferece uma reflexão sobre o século 20, destacando as tragédias e atrocidades que marcaram a era. Com uma melodia simples e delicada, a música atinge o auge emocional no final, com um solo de saxofone sombrio que ressoa profundamente no ouvinte.
"UXB" começa suave, mas rapidamente se transforma em uma peça progressiva e mais pesada, com vocais agressivos e um baixo destacado. A faixa é rica em solos de sintetizador e guitarra, criando uma atmosfera caótica que se acalma no final, com um belo trabalho de piano. O álbum encerra com "Noise to Signal", uma faixa que aborda a saturação de mídia, fatos alternativos e notícias falsas na era digital. Combinando partes pesadas de guitarra com melodias mais leves de sintetizadores, a música é liricamente rica e muda de direção após a metade, sendo guiada por pianos para um final mais edificante. A mensagem final, "Shut down the noise, become the signal" (Desligue o barulho, torne-se o sinal), é seguida por um solo de saxofone sublime que encerra o álbum de forma interessante.
Black Science é mais do que um simples registro musical; é uma obra projetada que ressoa com profundidade e significado. A maturidade da banda se reflete em cada aspecto do álbum, desde a composição até a produção, oferecendo uma experiência rica não apenas para os fãs de rock progressivo, mas para qualquer amante da música.
NOTA: 7/10
Tracks
Listing:
1.
Armistice Day (1:34)
2. Weimar (10:41)
3. The Cannons Cry (4:18)
4. Heavy Water (8:36)
5. Airfield On Sunwick (For Wojtek) (6:11)
6. Black Science (8:17)
7. UXB (4:59)
8. Noise To Signal (8:47)
Ouça, "Airfield On Sunwick (For Wojtek)"
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