Peter Hammill - In Camera (1974)

A carreira solo de Peter Hammill é marcada por uma rica diversidade, onde cada álbum traz um toque peculiar e inconfundível, mantendo um padrão de qualidade que dificilmente se pode classificar como inferior a "bom". Dentro dessa discografia notável, In Camera se destaca como um dos álbuns mais diversificados, oferecendo uma mistura de baladas idiossincráticas e obras de arte progressivas, tudo isso entrelaçado com a poesia única de Hammill.

O que impressiona em In Camera não é apenas a complexidade e profundidade das faixas, mas também a coesão que permeia o disco. Cada música é uma experiência de vanguarda e que juntas formam uma obra coesa e intelectualmente rica, porém, sem soar pretensiosa. A voz de Hammill, em seu auge, percorre o álbum com uma sutileza que impressiona, demonstrando um controle vocal excepcional que acrescenta profundidade emocional a cada faixa.

O álbum abre com "Ferret and the Featherbird", uma peça suave e melancólica que se destaca por suas guitarras acústicas e um piano introspectivo. A letra, que é ao mesmo tempo expansiva e imediata, narra a história de dois amantes que se separam e depois se reconciliam. A atmosfera aqui é encantadora, doce e desarmante. A comparação com a faixa encontrada nos bonus tracks da versão de 1997 de The Aerosol Grey Machine do Van der Graaf Generator é inevitável, embora a versão de In Camera possua uma atmosfera distinta, que a torna ainda mais especial.

Em contraste, "(No More) the Sub-mariner" apresenta uma sonoridade ameaçadora, com linhas instrumentais sinuosas que ecoam os temas de desilusão e introspecção presentes na letra. Hammill canta sua alma com uma intensidade emocional crua, que é amplificada por uma instrumentação incisiva e mudanças de humor bem elaboradas. Esta faixa é um exemplo brilhante da habilidade de Hammill em infundir suas composições com uma variedade de emoções complexas, desde o medo e o ressentimento até a esperança e o arrependimento.

"Tapeworm" surge com uma energia trovejante, onde todos os instrumentos se unem em uma cadência vigorosa. A ruptura de estilo à capela no meio da faixa é um exemplo da sofisticação das composições de Hammill, mostrando sua habilidade em criar faixas ricas em conteúdo musical, mesmo em um espaço de tempo relativamente curto. "Again" é uma balada acústica que brilha pela simplicidade e pela beleza de sua composição. A riqueza vocal de Hammill, combinada com uma instrumentação lúgubre e dramática, transforma uma ideia emocional básica em uma experiência profundamente tocante.

"Faint-Heart and the Sermon", embora inicialmente não tenha me cativado, revelou-se com o tempo uma faixa surpreendente. A instrumentação, que inclui um violão sintetizado e o uso brilhante de Mellotrons, é complexa e interessante, enquanto as linhas vocais são maravilhosas. "The Comet, the Course, the Tail" é uma peça única dentro do rock progressivo, com um quarteto de guitarras que complementa uma metáfora filosófica rica e interessante. As harmonias vocais são magistralmente executadas, enquanto as melodias são memoráveis e fluem de forma orgânica pela faixa.

"Gog" é talvez a faixa mais sombria e aterrorizante do álbum, com uma atmosfera sufocante criada por uma combinação de harmônio, percussão tribal e um vocal rancoroso de Hammill. A música mergulha o ouvinte em um universo caótico, onde a desolação e o sofrimento são palpáveis. O álbum encerra com "Magog (In Bromine Chambers)", uma peça que, embora difícil de classificar como uma música tradicional, é marcante em sua coleção sombria de medo e desespero. Os cânticos medonhos e a percussão minimalista conduzem o ouvinte a um final inquietante e perturbador.

In Camera é uma obra que contém alguns dos melhores momentos da carreira solo de Peter Hammill, superando até mesmo algumas produções do Van der Graaf Generator. A beleza e o experimentalismo estão em perfeito equilíbrio, tornando o álbum uma experiência diversificada, agradável e interessante.

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Peter Hammill's solo career is marked by a rich diversity, where each album brings its own peculiar and unmistakable touch, maintaining a standard of quality that rarely dips below "good." Within this remarkable discography, In Camera stands out as one of his most diverse albums, offering a blend of idiosyncratic ballads and progressive art pieces, all intertwined with Hammill's unique poetry.

What impresses about In Camera is not just the complexity and depth of the tracks, but also the cohesion that permeates the album. Each song is an avant-garde experience, and together they form a cohesive and intellectually rich work without sounding pretentious. Hammill's voice, at its peak, flows through the album with subtlety, demonstrating exceptional vocal control that adds emotional depth to every track.

The album opens with "Ferret and the Featherbird", a soft and melancholic piece that stands out for its acoustic guitars and introspective piano. The lyrics, both expansive and immediate, tell the story of two lovers who part ways and then reconcile. The atmosphere here is charming, sweet, and disarming. The comparison to the track found in the bonus tracks of the 1997 reissue of Van der Graaf Generator's The Aerosol Grey Machine is inevitable, although the In Camera version possesses a distinct atmosphere that makes it even more special.

In contrast, "(No More) the Sub-mariner" presents a menacing sound, with sinuous instrumental lines that echo the themes of disillusionment and introspection present in the lyrics. Hammill sings his heart out with raw emotional intensity, amplified by incisive instrumentation and well-crafted mood shifts. This track is a brilliant example of Hammill's ability to infuse his compositions with a variety of complex emotions, from fear and resentment to hope and regret.

"Tapeworm" bursts in with thunderous energy, where all the instruments come together in a vigorous cadence. The a cappella break in the middle of the track is an example of Hammill's sophisticated compositions, showcasing his ability to create musically rich tracks, even within a relatively short time frame. "Again" is an acoustic ballad that shines through the simplicity and beauty of its composition. Hammill's vocal richness, combined with a gloomy and dramatic instrumentation, transforms a basic emotional idea into a deeply touching experience.

"Faint-Heart and the Sermon", though initially not captivating, revealed itself over time as a surprising track. The instrumentation, which includes a synthesized guitar and brilliant use of Mellotrons, is complex and interesting, while the vocal lines are wonderful. "The Comet, the Course, the Tail" is a unique piece within progressive rock, featuring a quartet of guitars that complements a rich and intriguing philosophical metaphor. The vocal harmonies are masterfully executed, while the melodies are memorable and flow organically throughout the track.

"Gog" is perhaps the darkest and most terrifying track on the album, with a suffocating atmosphere created by a combination of harmonium, tribal percussion, and Hammill's rancorous vocals. The music plunges the listener into a chaotic universe where desolation and suffering are palpable. The album closes with "Magog (In Bromine Chambers)", a piece that, although difficult to classify as traditional music, is striking in its dark collection of fear and despair. The eerie chants and minimalist percussion lead the listener to a disturbing and unsettling conclusion.

In Camera contains some of the best moments of Peter Hammill's solo career, surpassing even some of Van der Graaf Generator's productions. Beauty and experimentation are in perfect balance, making the album a diverse, enjoyable, and intriguing experience.

NOTA: 9.5/10

Tracks Listing:

1. Ferret and the Featherbird (3:43)
2. (No More) the Sub-mariner (5:47)
3. Tapeworm (4:20)
4. Again (3:44)
5. Faint-Heart and the Sermon (6:42)
6. The Comet, the Course, the Tail (6:00)
7. Gog (7:40)
8. Magog (In Bromine Chambers) (9:41)

Ouça, "(No More) the Sub-mariner"