Van Der Graaf Generator - The Least We Can Do Is Wave To Each Other (1970)

 

O álbum The Aerosol Grey Machine é frequentemente descrito como uma obra solo de Peter Hammill, dada a sua influência dominante na composição. No entanto, com o lançamento de The Least We Can Do Is Wave To Each Other, a Van der Graaf Generator marca uma mudança notável. A banda, agora em sua forma mais autêntica, ganha vida com a colaboração criativa de todos os membros, demonstrando um crescimento semelhante ao que o Genesis experimentou em seu segundo álbum. Embora as bandas sejam musicalmente distintas, a evolução histórica e o amadurecimento são claramente paralelos.

O título do álbum faz referência a uma frase do britânico John Minton, um pintor e ilustrador cuja trágica morte aos 39 anos em 1957 adiciona uma camada de melancolia ao contexto do disco. A partir deste ponto, a banda estabelece seu estilo distintivo, com uma abordagem progressiva e uma sonoridade impressionante. A bateria se destaca pela sua excelência e o trabalho de órgão por vezes é brilhante. As partes de guitarra são propositalmente simples, mas não comprometem a qualidade geral do álbum. O saxofonista David Jackson traz um toque inovador e peculiar, enquanto Peter Hammill já demonstra, mesmo neste estágio inicial, a profundidade emocional e a singularidade de sua voz.

A faixa de abertura, "Darkness (11/11)", é uma escolha perfeita para iniciar o álbum. Começa com ventos soprando e címbalos que são gradualmente acompanhados por vocais, saxofone e bateria, criando uma sonoridade completa e envolvente. As melodias encantadoras podem levar algum tempo para se estabelecer, mas carregam uma magia que é ao mesmo tempo obscura e brilhante. O solo final de saxofone é notável. "Refugees" se destaca como uma das baladas mais comoventes do rock progressivo. Com uma introdução feita de flauta e violoncelo, além de vocais em falsete que anunciam a entrada da bateria, a faixa é uma combinação de delicadeza e cuidado. A letra, que aborda o tema do deslocamento e da mudança, é uma reflexão pessoal de Hammill, tornando-a uma obra encantadora.

"White Hammer" oferece uma visão intrigante da Inquisição Espanhola, envolta em uma atmosfera sombria. A contribuição de Jackson com seu saxofone é particularmente perceptível, enquanto o baixo pulsante e o poderoso trabalho de órgão sustentam a faixa. O solo final de saxofone é ótimo, conferindo aos últimos dois minutos uma sensação de inquietação e tensão. "Whatever Would Robert Have Said?" é uma das faixas mais experimentais e menos acessíveis do álbum. Com letras peculiares e uma abordagem inicial descontraída, a música evolui para um som mais selvagem e progressivo, destacando-se pelo trabalho de guitarra, especialmente no final.

"Out Of My Book" é outra balada introspectiva e com letras pessoais de Hammill. A simplicidade instrumental, destacando-se pelo violão, é eficaz, enquanto o órgão constrói uma parede sonora interessante. A performance vocal de Hammill é intensa e sentimental, oferecendo um momento de introspecção agradável. Finalmente, "After The Flood" é a faixa mais longa e a que encerra o álbum. Embora não seja a mais agressiva, é deslumbrante em sua beleza. A faixa começa com uma ambientação suave que evolui para um som mais perturbador, com uma luta de supremacia entre a flauta e o saxofone. A seção instrumental do meio é um frenesi absoluto, mas a faixa mantém a capacidade de cativar do início ao fim.

The Least We Can Do Is Wave To Each Other, sem dúvida é o primeiro grande álbum da Van der Graaf Generator, mostrando o que fez a banda se destacar. Com letras complexas e belas, a voz singular e original de Hammill, arranjos de teclados fantásticos, ótimos trabalhos de saxofone e flautas excepcionais, além de uma bateria criativa e sólida, o álbum define a identidade da banda com maestria.

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The Aerosol Grey Machine is often described as a solo work by Peter Hammill, given his dominant influence on the compositions. However, with the release of The Least We Can Do Is Wave To Each Other, Van der Graaf Generator marks a significant shift. The band, now in its most authentic form, comes to life through the creative collaboration of all its members, showing a growth trajectory similar to that of Genesis on their second album. While the bands are musically distinct, the historical evolution and maturation are clearly parallel.

The album's title references a phrase by British artist John Minton, a painter and illustrator whose tragic death at the age of 39 in 1957 adds a layer of melancholy to the album’s context. From this point, the band establishes its distinctive style, with a progressive approach and an impressive sound. The drumming stands out for its excellence, and the organ work is brilliant at times. The guitar parts are purposefully simple, yet they do not compromise the overall quality of the album. Saxophonist David Jackson brings an innovative and quirky touch, while Peter Hammill already demonstrates, even at this early stage, the emotional depth and uniqueness of his voice.

The opening track, "Darkness (11/11)," is a perfect choice to start the album. It begins with winds blowing and cymbals that are gradually joined by vocals, saxophone, and drums, creating a full and immersive sound. The enchanting melodies may take some time to settle in, but they carry a magic that is both dark and brilliant. The final saxophone solo is remarkable. "Refugees" stands out as one of the most moving ballads in progressive rock. With an introduction featuring flute and cello, and falsetto vocals announcing the entry of the drums, the track is a combination of delicacy and care. The lyrics, addressing the theme of displacement and change, are a personal reflection by Hammill, making it a charming piece.

"White Hammer" offers an intriguing look at the Spanish Inquisition, enveloped in a dark atmosphere. Jackson’s saxophone contribution is particularly noticeable, while the pulsing bass and powerful organ work sustain the track. The final saxophone solo is excellent, giving the last two minutes a sense of unease and tension. "Whatever Would Robert Have Said?" is one of the more experimental and less accessible tracks on the album. With peculiar lyrics and a laid-back initial approach, the song evolves into a wilder, more progressive sound, with the guitar work, especially toward the end, being a highlight.

"Out Of My Book" is another introspective ballad with personal lyrics by Hammill. The simplicity of the instrumentation, notably the acoustic guitar, is effective, while the organ builds an interesting sonic wall. Hammill’s vocal performance is intense and sentimental, offering a pleasant moment of introspection. Finally, "After The Flood" is the longest track and the album closer. Although not the most aggressive, it is stunning in its beauty. The track starts with a gentle ambiance that evolves into a more disturbing sound, with a battle of supremacy between the flute and saxophone. The middle instrumental section is an absolute frenzy, but the track remains captivating from start to finish.

The Least We Can Do Is Wave To Each Other is undoubtedly Van der Graaf Generator’s first great album, showcasing what made the band stand out. With complex and beautiful lyrics, Hammill's singular and original voice, fantastic keyboard arrangements, great saxophone work, exceptional flutes, and creative, solid drumming, the album masterfully defines the band's identity.

NOTA: 8.5/10

Tracks Listing

1. Darkness (11/11) (7:27)
2. Refugees (6:22)
3. White Hammer (8:15)
4. Whatever Would Robert Have Said? (6:17)
5. Out of My Book (4:07)
6. After the Flood (11:28)

Ouça, "White Hammer"



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