Gentle Giant - The Power And The glory (1974)

Entre tantas pérolas lançadas pelo Gentle Giant em tão pouco tempo, existe uma que brilha mais do que as outras na visão deste que vos escreve: The Power and the Glory. Um verdadeiro petardo e aula de uma banda trabalhando em perfeita harmonia. Não há um único destaque individual, mas sim um trabalho coeso e extraordinário como um todo.

O álbum inicia de maneira fantástica com "Proclamation". Esta faixa possui uma melodia marcante e uma composição relativamente complexa. Seu início traz um som singular de órgão, executado de forma discreta, seguido pela inconfundível voz de Derek Shulman e uma linha de baixo perfeitamente cadenciada pelo seu irmão Ray Shulman. Esta abertura define perfeitamente o tom geral da faixa. A maneira como Derek canta, misturando tons altos e baixos, é cativante. A música flui com teclados e baixo assumindo o papel principal, criando uma experiência sonora rica e dinâmica.

"So Sincere" apresenta uma maneira sutil de fluir, com uma influência significativa de música de vanguarda. O violino e o violoncelo dominam a canção, com preenchimentos pontuais de guitarra e piano. Um dos momentos mais fascinantes da faixa é quando a frase "So Sin-Cere" é cantada, revelando uma polifonia instrumental complexa, mas harmoniosa. Embora não seja uma das favoritas de muitos fãs da banda, considero essa composição brilhante e inovadora.

A terceira faixa, "Aspirations", é uma balada construída na veia prog, relativamente suave e adornada pelo som do teclado. A letra é bastante positiva, com frases como "quando a poeira baixar, veremos todos os nossos sonhos se tornando realidade". É uma música que inspira e acalma ao mesmo tempo. "Playing the Game" é um exemplo clássico de rock progressivo, com todos os elementos que definem o gênero: dinâmicas variadas, complexidade e mudanças de tempo inusitadas. A faixa começa com um som peculiar de teclado, seguido por uma linha de baixo brilhante e dinâmica. Esta música possui um ritmo otimista com quebras agradáveis que mantêm o ouvinte envolvido.

"Cogs in Cogs" é outra excelente faixa, com uma introdução onde todos os instrumentos são tocados simultaneamente, seguida pelo estilo vocal único da banda. A variedade de andamentos é executada de maneira magistral, nunca se perdendo no processo. "No God's a Man" é uma faixa melódica e complexa, comparável a "Aspirations", mas com solos de teclado, clavinete e guitarra que adicionam profundidade. "The Face" é edificante, com uma harmonia rica preenchida por violino, violoncelo e violão, todos tocados habilidosamente por Ray Shulman. Pouco mais de quatro minutos de puro swing e musicalidade deleitosa. "Valedictory" encerra o álbum com um prog rock direto, fortemente influenciado pelo hard rock da época. A faixa abre com um solo de bateria e guitarra, fluindo bem quando a linha vocal é adicionada. Desta vez, a voz é executada em um tom alto, oferecendo uma performance de alta energia.

Com certeza, The Power and the Glory é um dos trabalhos mais complexos e desafiadores do Gentle Giant. Cada faixa é posicionada de forma a garantir um prazer único ao ouvinte que se permite viajar em seu som. Cada membro da banda contribui de maneira ímpar com seu talento, construindo um dos álbuns mais incríveis já criados em toda a história do rock progressivo.

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Among the many pearls released by Gentle Giant in such a short period, there is one that shines brighter than the others in my view: The Power and the Glory. A true gem and a masterclass from a band working in perfect harmony. There is no single standout, but rather a cohesive and extraordinary work as a whole.

The album begins fantastically with "Proclamation". This track features a memorable melody and relatively complex composition. Its opening brings a unique organ sound, played discreetly, followed by the unmistakable voice of Derek Shulman and a perfectly paced bass line from his brother Ray Shulman. This opening sets the tone for the track. The way Derek sings, blending high and low tones, is captivating. The music flows with keyboards and bass taking the lead, creating a rich and dynamic sonic experience.

"So Sincere" presents a subtle flow, with significant avant-garde influences. The violin and cello dominate the song, with occasional fills from guitar and piano. One of the most fascinating moments of the track is when the phrase "So Sin-Cere" is sung, revealing a complex yet harmonious instrumental polyphony. Although it may not be a fan favorite, I find this composition brilliant and innovative.

The third track, "Aspirations", is a ballad in the prog vein, relatively smooth and adorned with keyboard sounds. The lyrics are quite positive, with lines like "when the dust settles, we will see all our dreams coming true." It’s a song that inspires and calms at the same time. "Playing the Game" is a classic example of progressive rock, with all the elements that define the genre: varied dynamics, complexity, and unusual time changes. The track starts with a peculiar keyboard sound, followed by a brilliant and dynamic bass line. This song has an optimistic rhythm with pleasant breaks that keep the listener engaged.

"Cogs in Cogs" is another excellent track, with an introduction where all instruments play simultaneously, followed by the band’s unique vocal style. The variety of tempos is executed masterfully, never losing its way. "No God's a Man" is a melodic and complex track, comparable to "Aspirations," but with keyboard, clavichord, and guitar solos that add depth. "The Face" is uplifting, with rich harmony filled with violin, cello, and acoustic guitar, all skillfully played by Ray Shulman. Just over four minutes of pure swing and delightful musicality. "Valedictory" closes the album with straightforward prog rock, strongly influenced by the hard rock of the time. The track opens with a drum and guitar solo, flowing well when the vocal line is added. This time, the voice is delivered in a high pitch, offering a high-energy performance.

The Power and the Glory is certainly one of Gentle Giant's most complex and challenging works. Each track is positioned to ensure a unique pleasure for the listener who allows themselves to journey through its sound. Each band member contributes uniquely with their talent, creating one of the most incredible albums ever made in the history of progressive rock.

NOTA: 10/10

Tracks Listing:

1. Proclamation (6:48)
2. So Sincere (3:52)
3. Aspirations (4:41)
4. Playing the Game (6:46)
5. Cogs in Cogs (3:08)
6. No God's a Man (4:28)
7. The Face (4:12)
8. Valedictory (3:21)

Ouça, "Proclamation"