Mike Oldfield - Return To Ommadawn (2017)

 

Quantos artistas, 42 anos após lançarem sua obra mais grandiosa, teriam a coragem de literalmente retornar a ela? Mike Oldfield não apenas revisita Ommadawn, mas embarca em uma nova jornada musical cheia de riscos, desfilando uma música requintada e de extremo bom gosto. Return to Ommadawn, dividido em duas partes com mais de 20 minutos cada, não deixa a desejar a nenhum dos momentos mais inspirados de sua extensa discografia.

Ainda que Mike Oldfield tenha lançado bons discos ao longo dos anos, confesso que aguardava há muito tempo algo que trouxesse a carga musical e emocional encontrada em Return to Ommadawn. Algo que pudesse ser facilmente colocado como um dos seus melhores álbuns. Este trabalho é um retorno a instrumentos especialmente acústicos, todos tocados por Oldfield, que conferem uma incrível sensação pastoral e celta unida a uma típica música progressiva, intensa e sentimental. Embora existam algumas reminiscências de canções passadas, é inegável que se trata também de algo novo, com uma atmosfera própria.

Em "Return to Ommadawn Pt 1", há uma espécie de volta ao sentimento de suas músicas dos anos 70. A música, sublime e natural, prende o ouvinte em uma sensação onírica. A impressão de estar diante de uma continuação é realmente incrível, desde as flautas até as vozes no meio da faixa. A grande diversidade de instrumentos, todos tocados por uma única mente, é organizada de maneira exata, resultando em uma beleza raramente vista em sua carreira. Só por essa parte, já ficaria satisfeito com o disco, por trazer novamente o melhor do passado de Mike Oldfield e misturá-lo com algumas de suas melhores ideias contemporâneas em muitos anos.

"Return to Ommadawn Pt 2" consegue ser ainda mais bela. A faixa começa com um trabalho de guitarra acústica magnífico, complementado por um leve coro de fundo e um piano que transmite uma serenidade surreal. Durante toda a sua extensão, a faixa apresenta um ar de viagem vívida e positiva, com uma melancolia e alegria esperançosa. O refinamento equilibrado entre os instrumentos e a graça nas transições entre as partes da composição envolvem o ouvinte do primeiro ao último segundo, criando uma sonoridade única e hipnotizante.

Depois da trágica perda de seu filho em 2015, Mike Oldfield parece ter encontrado novamente a felicidade por meio de Return to Ommadawn. Como o próprio título do álbum implica, não se trata de um trabalho novo ou com a ideia de atingir um público diferente, mas de uma obra feita principalmente para aqueles que conhecem bem o seu universo musical, levando-os a um ambiente já bastante conhecido. Return to Ommadawn é uma prova de que Oldfield ainda possui a magia e a maestria que o consagraram, entregando um álbum que é ao mesmo tempo nostálgico e inovador, cheio de profundidade emocional e musical.

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How many artists, 42 years after releasing their grandest work, would have the courage to literally return to it? Mike Oldfield not only revisits Ommadawn, but embarks on a new musical journey full of risks, showcasing refined and exceptionally tasteful music. Return to Ommadawn, divided into two parts of over 20 minutes each, does not disappoint compared to the most inspired moments of his extensive discography.

Although Mike Oldfield has released good albums over the years, I must admit that I had long been waiting for something that brought the musical and emotional weight found in Return to Ommadawn. Something that could easily be placed among his best albums. This work is a return to predominantly acoustic instruments, all played by Oldfield, which convey an incredible pastoral and Celtic feel combined with intense and sentimental progressive music. While there are some reminiscences of past songs, it is undeniable that it is also something new, with its own atmosphere.

In "Return to Ommadawn Pt 1", there is a kind of return to the feeling of his 70s music. The music, sublime and natural, captivates the listener in a dreamlike sensation. The impression of facing a continuation is truly amazing, from the flutes to the voices in the middle of the track. The great diversity of instruments, all played by a single mind, is organized precisely, resulting in a beauty rarely seen in his career. Just for this part alone, I would be satisfied with the album, as it brings back the best of Mike Oldfield’s past and blends it with some of his best contemporary ideas in many years.

"Return to Ommadawn Pt 2" manages to be even more beautiful. The track starts with magnificent acoustic guitar work, complemented by a light background choir and a piano that conveys a surreal serenity. Throughout its length, the track presents a vivid and positive journey, with a melancholic yet hopeful joy. The balanced refinement between the instruments and the grace in the transitions between parts of the composition envelops the listener from the first to the last second, creating a unique and hypnotizing sound.

After the tragic loss of his son in 2015, Mike Oldfield seems to have found happiness again through Return to Ommadawn. As the album’s title implies, it is not a new work or aimed at a different audience, but a piece primarily made for those who are well-acquainted with his musical world, taking them to a well-known environment. Return to Ommadawn is proof that Oldfield still possesses the magic and mastery that made him renowned, delivering an album that is both nostalgic and innovative, full of emotional and musical depth.

NOTA: 9/10

Tracks Listing:

1. Return To Ommadawn, Part I (21:10)
2. Return To Ommadawn, Part II (20:57)

Ouça, "Return To Ommadawn, Part II"



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