Khan – Space Shanty (1972)


Space Shanty, o único álbum lançado pela banda Khan, é uma das joias mais preciosas e influentes da cena progressiva de Canterbury. A banda, formada por músicos de destaque, contava com Steve Hillage como líder, vocalista e guitarrista, ao lado de Nick Greenwood no baixo (conhecido por seu trabalho com a Crazy World of Arthur Brown), Eric Peachey na bateria (ex-Dr. K’s Blues Band) e o renomado tecladista Dave Stewart, que já havia deixado sua marca em bandas como Uriel, Egg, Hatfield and the North e National Health.

O álbum é composto por seis faixas, todas majoritariamente escritas por Hillage, mas a colaboração entre os músicos é evidente em cada segundo. As principais características de Space Shanty são a guitarra de Hillage e o órgão Hammond de Stewart, que dominam a paisagem sonora com uma sinergia impressionante. Embora algumas faixas sigam um padrão mais metronômico e repetitivo, a banda frequentemente se permite explodir em improvisações instrumentais, demonstrando uma interação formidável entre os dois pilares sonoros.

O álbum abre com a faixa-título. Desde o início, a música cria a impressão de que estamos ouvindo o final de uma longa jornada musical. O vocal entra de forma tranquila, logo seguido pelo restante da banda em um rock clássico. Por volta de 1:27, ocorre um maravilhoso entrelaçamento entre órgão e guitarra, com destaque para a linha de baixo, que brilha intensamente. A faixa, então, mergulha em uma transição suave, com um ritmo mais lento e cadenciado, que logo acelera, acompanhado de um solo de guitarra brilhante. A bateria de Eric Peachey desempenha um papel crucial, acentuando cada mudança com precisão. A faixa retorna à sua melodia original após um solo de órgão, encerrando de maneira sólida e coesa. É um início perfeito para o álbum.

"Stranded" começa com um violão delicado, apoiado por uma base de órgão etérea. A linha vocal entra suavemente, mantendo o ritmo tranquilo. Novamente, o baixo de Nick Greenwood se destaca, guiando a faixa até uma transformação súbita, onde a energia cresce com um solo de órgão que cede espaço para uma guitarra poderosa. A faixa retorna ao clima sereno do início, com a melodia perfeitamente estruturada e envolvente.

"Mixed up Man of the Mountains" segue, começando com uma abertura deslumbrante, onde a guitarra e o órgão criam uma atmosfera hipnotizante. A peça evolui com vocais suaves e uma mudança para um ritmo mais acelerado, com improvisações de baixo, guitarra e órgão, mostrando a forte influência do jazz. O coro vocal e o solo de guitarra na parte final são impressionantes. "Driving to Amsterdam" traz uma abertura que encapsula perfeitamente o som de Canterbury. O órgão de Stewart brilha com intensidade, complementado pela guitarra de Hillage. A linha vocal harmoniosa e a interação entre os instrumentos criam uma faixa dinâmica e envolvente, onde o baixo e a bateria sustentam a energia com maestria.

"Stargazers" começa com uma combinação complexa entre os quatro instrumentos principais, antes de se acalmar para a entrada dos vocais. A influência do jazz é evidente, mas é um jazz filtrado pelo prisma de Canterbury, repleto de criatividade e inovação. O álbum encerra com "Hollow Stone", uma faixa suave e melodiosa, onde o jazz se mistura com elementos de rock e blues. Mesmo tocados de forma serena, o órgão e a guitarra brilham com solos belíssimos, encerrando o álbum com uma sensação de conclusão perfeita.

Space Shanty é, sem dúvida, um dos grandes discos do rock progressivo de Canterbury. Embora a guitarra de Hillage e o órgão de Stewart recebam a maior parte dos holofotes, o baixo de Greenwood e a bateria de Peachey são fundamentais para o brilho do álbum. É lamentável que o disco seja pouco reconhecido e difícil de encontrar em catálogo, embora uma versão japonesa de 2004 tenha ajudado a mantê-la acessível, incluindo duas faixas bônus: a inédita "Break The Chains" e uma versão alternativa de "Mixed up Man of the Mountains". Sem dúvida, um álbum que vale cada segundo de seus pouco mais de 46 minutos.

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Space Shanty, the only album released by the band Khan, is one of the most precious and influential gems of the Canterbury progressive scene. The band, formed by prominent musicians, featured Steve Hillage as the leader, vocalist, and guitarist, alongside Nick Greenwood on bass (known for his work with Crazy World of Arthur Brown), Eric Peachey on drums (formerly of Dr. K’s Blues Band), and the renowned keyboardist Dave Stewart, who had already made his mark in bands like Uriel, Egg, Hatfield and the North, and National Health.

The album consists of six tracks, all primarily written by Hillage, but the collaboration among the musicians is evident in every second. The main characteristics of Space Shanty are Hillage’s guitar and Stewart’s Hammond organ, which dominate the soundscape with impressive synergy. Although some tracks follow a more metronomic and repetitive pattern, the band frequently allows themselves to burst into instrumental improvisations, demonstrating a formidable interaction between these two sonic pillars.

The album opens with the title track. From the outset, the music creates the impression that we are listening to the end of a long musical journey. The vocals enter calmly, soon followed by the rest of the band in classic rock. Around 1:27, there is a wonderful intertwining of organ and guitar, with the bass line shining brightly. The track then dives into a smooth transition, with a slower and more measured rhythm, which quickly accelerates, accompanied by a brilliant guitar solo. Eric Peachey’s drumming plays a crucial role, accentuating each change with precision. The track returns to its original melody after an organ solo, ending in a solid and cohesive manner. It’s a perfect start to the album.

"Stranded" begins with delicate acoustic guitar, supported by an ethereal organ base. The vocal line enters softly, maintaining a calm rhythm. Again, Nick Greenwood’s bass stands out, guiding the track to a sudden transformation, where the energy grows with an organ solo that gives way to a powerful guitar. The track returns to the serene mood of the beginning, with the melody perfectly structured and engaging.

"Mixed up Man of the Mountains" follows, starting with a dazzling opening where the guitar and organ create a hypnotic atmosphere. The piece evolves with smooth vocals and a shift to a faster rhythm, featuring improvisations of bass, guitar, and organ, showing a strong jazz influence. The vocal chorus and the guitar solo in the final section are impressive. "Driving to Amsterdam" features an opening that perfectly encapsulates the Canterbury sound. Stewart’s organ shines intensely, complemented by Hillage’s guitar. The harmonious vocal line and the interaction between the instruments create a dynamic and engaging track, with the bass and drums masterfully sustaining the energy.

"Stargazers" begins with a complex interplay among the four main instruments before settling down for the entrance of the vocals. The jazz influence is evident, but it is jazz filtered through the Canterbury prism, full of creativity and innovation. The album closes with "Hollow Stone", a smooth and melodic track where jazz blends with elements of rock and blues. Even played serenely, the organ and guitar shine with beautiful solos, closing the album with a sense of perfect conclusion.

Space Shanty is undoubtedly one of the great Canterbury progressive rock albums. Although Hillage’s guitar and Stewart’s organ receive the most spotlight, Greenwood’s bass and Peachey’s drums are essential to the album’s brilliance. It is unfortunate that the album is underrecognized and difficult to find in catalog, although a 2004 Japanese version has helped keep it accessible, including two bonus tracks: the unreleased "Break The Chains" and an alternate version of "Mixed up Man of the Mountains". Undoubtedly, an album worth every second of its just over 46 minutes.

NOTA: 9.5/10

Tracks Listing:

1. Space Shanty (including The Cobalt Sequence and March of the Sine Squadrons) (8:59)
2. Stranded (including Effervescent Psycho Novelty No. 5) (6:35)
3. Mixed Up Man of the Mountains (7:14)
4. Driving to Amsterdam (9:22)
5. Stargazers (5:32)
6. Hollow Stone (including Escape of the Space Pirates) (8:16)

Ouça, "Space Shanty"



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