Steve Morse - High Tension Wires (1989)

 

High Tension Wires foi o primeiro álbum de Steve Morse que ouvi e também o terceiro lançamento em sua carreira solo. Até então, minha familiaridade com o guitarrista se restringia ao seu trabalho com o Deep Purple, o que tornou ainda mais surpreendente e gratificante descobrir, através deste disco, um lado mais refinado e melancólico de Morse. Embora amparado por membros da Dixie Dregs, não espere aqui algo similar ao que a banda costumava fazer. As músicas fluem de maneira diversificada, revelando as várias facetas de Steve Morse como músico.

O álbum começa com "Ghostwind", uma faixa marcada por belas notas acústicas que conferem à música um sabor country, facilmente associável ao estilo de Mark Knopfler. É um início introspectivo e sincero que já nos conecta ao coração e à alma de Morse. Em "The Road Home", ele novamente utiliza a guitarra de doze cordas, mas desta vez em um ritmo mais acelerado, mas sem perder a serenidade do som. A faixa exibe uma banda sólida e um trabalho de guitarra solo impecável, ressaltando a habilidade técnica de Morse sem sacrificar a emoção.

Assim como na faixa de abertura, "Country Colors" traz à tona a influência do country, como o próprio nome sugere. No entanto, a sonoridade aqui é diferente, com uma interpretação que soa única e envolvente. É uma faixa bonita, que poderia ter sido ainda mais impactante se tivesse explorado uma progressão maior. O destaque vai para a segunda metade, onde um solo simples e afetuoso de piano se sobressai, adicionando uma camada de delicadeza à composição. "Highland Wedding" inicia-se com uma belíssima melodia no estilo de uma valsa celta. A guitarra, inicialmente, soa como uma gaita, mas Morse logo "rasga" a música com um desempenho brilhante, duplicando todos os riffs no violão acústico. A fusão de estilos aqui é um testemunho da versatilidade de Morse como músico.

Apesar da diversidade musical presente no álbum, é claro que Steve Morse se inclina mais para o country, e "Looking Back" é uma prova disso. Esta é uma das minhas favoritas, com lindíssimos arranjos de guitarra e uma adição sutil, mas eficaz de piano em segundo plano, culminando em um solo próximo ao final que é encantador. "Leprechaun Promenade" é outra faixa que mistura música celta com rock, incluindo algumas linhas de violino, mas como esperado, a guitarra é a estrela principal. É uma faixa simpática e com uma sonoridade animadora, embora sem grandes surpresas. Já "Tumeni Notes" é essencialmente uma demonstração de domínio técnico, onde Morse exibe todo o seu virtuosismo com a guitarra e o metrônomo.

"Endless Waves" é um dos momentos mais belos do álbum. Morse cria uma atmosfera sonora envolvente com camadas de guitarras acústicas, resultando em um som maravilhosamente introspectivo. O solo intimista e o trabalho de teclado complementam perfeitamente a faixa, que convida o ouvinte a se perder nas "ondas infinitas" que o título sugere. "Modoc" encerra o disco de forma serena, com Morse brilhando em uma peça solo de guitarra acústica, que é ao mesmo tempo simples e deslumbrante.

No final, High Tension Wires não é necessariamente um álbum extraordinário, até porque não acredito que Morse tenha pretendido criar algo do tipo. Contudo, apesar do sentimento descontraído que permeia o disco, ele permanece como uma obra sólida, onde o estilo inimitável de Morse brilha ao misturar rock, country, jazz e música clássica, por vezes, todos ao mesmo tempo. É um álbum que mesmo sem alarde, demonstra a maestria e a sensibilidade de Steve Morse como músico.

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High Tension Wires was the first Steve Morse album I listened to and also the third release in his solo career. Until then, my familiarity with the guitarist was limited to his work with Deep Purple, which made it even more surprising and gratifying to discover, through this album, a more refined and melancholic side of Morse. Although supported by members of Dixie Dregs, don't expect something similar to what the band used to do. The songs flow in a diverse manner, revealing the many facets of Steve Morse as a musician.

The album begins with "Ghostwind", a track marked by beautiful acoustic notes that give the music a country flavor, easily reminiscent of Mark Knopfler's style. It’s an introspective and sincere start that immediately connects us to Morse’s heart and soul. In "The Road Home", he again uses the twelve-string guitar, but this time at a faster pace without losing the serenity of the sound. The track showcases a solid band and impeccable solo guitar work, highlighting Morse’s technical skill without sacrificing emotion.

Just like the opening track, "Country Colors" brings out the country influence, as the name suggests. However, the sound here is different, with a unique and engaging interpretation. It’s a beautiful track that could have been even more impactful if it had explored a broader progression. The highlight is the second half, where a simple and affectionate piano solo stands out, adding a layer of delicacy to the composition. "Highland Wedding" begins with a beautiful melody in the style of a Celtic waltz. The guitar initially sounds like a bagpipe, but Morse soon "tears" through the music with a brilliant performance, doubling all the riffs on the acoustic guitar. The fusion of styles here is a testament to Morse’s versatility as a musician.

Despite the musical diversity present on the album, it’s clear that Steve Morse leans more toward country, and "Looking Back" is proof of that. This is one of my favorites, with beautiful guitar arrangements and a subtle yet effective addition of piano in the background, culminating in a solo near the end that is enchanting. "Leprechaun Promenade" is another track that blends Celtic music with rock, including some violin lines, but as expected, the guitar is the main star. It’s a charming track with an uplifting sound, though without major surprises. "Tumeni Notes", on the other hand, is essentially a demonstration of technical mastery, where Morse showcases all his guitar and metronome virtuosity.

"Endless Waves" is one of the most beautiful moments on the album. Morse creates an immersive soundscape with layers of acoustic guitars, resulting in a wonderfully introspective sound. The intimate solo and keyboard work perfectly complement the track, inviting the listener to get lost in the "endless waves" suggested by the title. "Modoc" closes the album serenely, with Morse shining in a solo acoustic guitar piece that is both simple and stunning.

In the end, High Tension Wires is not necessarily an extraordinary album, mainly because I don't believe Morse intended to create something of that sort. However, despite the relaxed feel that permeates the album, it remains a solid work where Morse’s inimitable style shines by blending rock, country, jazz, and classical music—sometimes all at once. It’s an album that, even without fanfare, demonstrates Steve Morse’s mastery and sensitivity as a musician.

NOTA: 7.5/10

Tracks Listing:

1. Ghostwind (3:12)
2. The Road Home (4:48)
3. Country Colors (3:46)
4. Highland Wedding (3:21)
5. Third Power (4:15)
6. Looking Back (3:59)
7. Leprechaun Promenade (6:24)
8. Tumeni Notes (4:10)
9. Endless Waves (3:46)
10. Modoc (2:19)

Ouça, "Endless Waves"



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